terça-feira, 20 de setembro de 2016

PRAÇA CASTRO ALVES - PRAÇA DO POETA

Toda e qualquer cidade tem seu destaque urbano, nem que seja formada por uma só rua. Conheço algumas no interior do Estado. Tratemos de Salvador, cidade à beira-mar. Na maioria das cidades nessas condições, a avenida que contorna o mar, é o grande destaque. Os prédios são construídos com vista para o mar. Tem maior valor monetário. Salvador não foge a regra. Contudo, quem vem de fora pode dar maior valor visual a uma rua ou praça do centro de onde pouco se vê o mar ou simplesmente não é visto. São Paulo, por exemplo, é uma dessas cidades onde suas grandes avenidas e suas praças conseguem ser admiradas.

Salvador tem as duas coisas: o mar em diversos pontos da cidade e, consequentemente, suas avenidas de contorno, mas é inegável que certas partes do seu centro chamado histórico, impressionam mais o visitante e mesmo ao habitante natural. Falta cuidado dos poderes públicos para aumentar essa admiração.

Enquanto isto não acontece, poder-se-á aumentar o interesse de todos historiando a origem desses locais, significados e tantos outros recursos expressivos a que se pode recorrer.


O primeiro destaque, talvez prioritário, da cidade de Salvador é a Praça Castro Alves, bem no centro de Salvador, conhecida de todos na maioria dos seus detalhes, mas, possivelmente, desconhecida da sua história. Esta é bem significante e curiosa. Como se formou este lugar tão escasso de espaço? Tão irregular! Às vezes não parece uma praça. O tráfego de veículos se faz bem ao meio, separando-a um lado do outro. Num desses lados expõe a bela estátua de Castro Alves; noutro um cinema com sua história e ao lado um edifício enorme que abrigou o maior jornal de Salvador e agora se prepara para ser um grande hotel. Deverá ser maravilhoso: terá como vista principal a Baia de Todos os Santos


Antiga Praça Castro Alves- Esta foto é posterior ao incendio do Teatro São João

Ao lado do antigo cinema Guarany funcionava o Bar e Restaurante Cacique. Ficava aberto o dia todo, mas era de noite ou na madrugada, que vibrava com a presença dos grandes boêmios da noite baiana e das lindas mulheres do Tabarís Night Club que funcionava ao lado do Cinema Guarany, bem ao fundo, como que escondido. Sua entrada era na lateral do cinema. A famosa casa de diversão dos anos 30 a 60 fechou suas portas em 1968. Exibiu as grandes companhias do Brasil e do mundo, as grandes orquestras, os melhores cantores.

Cacique



Entrada do Tabaris ao lado do Cima Guarany


Quando não era o Cacique, eram os bordéis da Ladeira da Montanha que acolhiam os incansáveis boêmios do centro de Salvador e, em seguida, iam comer o feijão de Zé do Muro na própria praça. Muitos, entretanto, desciam a Ladeira da Preguiça em direção ao antigo Mercado Modelo e ficavam lá até o dia clarear ao som dos berimbaus que começavam a ser tocados pelas suas cordas maravilhosas.


Ladeira da Preguiça


Ladeira da Montanha

Retornando exclusivamente á  praça, primeiramente, se instalou um monumento que teria sido um “pelourinho”. Depois veio um monumento representando uma índia; posteriormente a estátua em homenagem a Cristovão Colombo até alcançarmos o belo monumento ao poeta dos poetas, nosso grande Castro Alves. Morreu cedo; se tivesse vivido mais  e o mundo estaria mais aos seus pés, encantado. Foi um homem apaixonado em todos os sentidos: pelas mulheres e pela sua cidade.                                      

Castro Alves


Claro que algo precisava ser feito em frente ao teatro. Formou-se uma praça. De logo foi feita uma balaustrada do lado do mar com acesso de moradores que possivelmente moravam mais abaixo do morro Só há essa explicação para as duas curvaturas da refeida balaustrada que veremos na gravura adiante. Não se pode concluir de outra maneira. No centro da praça colocou-se um monumento que parece ser o “pelourinho” de Salvador.


Praça com a picota no cenro e a balaustrda em curvas


Muitos haverão de extranhar que se fale ou se refira a Pelourinho que não o grande espaço de praças, casas, igrejas e museus de todos nós conhecido. Sem dúvida que continua sendo o mesmo conjunto maravilhoso.

Em verdade, contudo, pelourinho também é o local onde se toturava escravos antigamente. Geralmente era representado por uma coluna e, naturalmente algo onde se prendia o escravo a ser torturado.
Em algumas cidades era conhecido como picota. Perteciam à Prefeitura, mas também tinham direito a um pelourinho ou picota os grandes donatários, bispos e os mosteiros, como prova e instrumento da jurisdição feudal.

Segundo a Wikipédia os pelourinhos foram pelo menos desde finais do século XV, considerados o padrão ou o símbolo da liberdade. Para alguns historiadores, como é o caso de Alexandre Herculano, o termo pelourinho só começa a aparecer no século XVII, em vez do termo picota, de origem popular. A partir dessa altura passou a ser apenas o marco concelhio. Antes dessa altura, segundo Herculano, o pelourinho era uma derivação, de costumes muito antigos, da ereção nas cidades do ius italicum das estátuas de Marsias ou Sileno, símbolos das liberdades municipais. Mas outros historiadores remetem para a Coluna ou Coluna Moenia romana, poste erécto em praça pública no qual os sentenciados eram expostos ao escárnio do povo.”

Pelourinho ou picota de Mariana



Picota do Maranhão

Mas antes da praça ser do peeta, onde se encontra o seu corpo, ela foi a Praça do Teatro. Efetivamente do lado sul do morro  que ali existia, ergueu-se um teatro, estilo pombalino, chamado Teatro São  João em homenagem ao rei D.João III de Portugal. Ele esteve em Salvador conhecendo o mesmo.


Esse teatro pertencia ao governo, era ponto de encontro dos aristocratas e intelectuais, onde funcionou o Conservatório Dramático da Bahia (CDB).  Foi fundado pelo dramaturgo Agrário de Menezes, para incentivar os escritores a acolher grupos de dramaturgia da cidade.
O teatro São João foi freqüentado por inúmeros nomes das artes cênicas, musicais e literárias, como Xisto Bahia, um dos maiores comediantes brasileiros, o maestro Carlos Gomes e o poeta Castro Alves. O edifício colonial foi destruído em 1923, por um incêndio misterioso.

Xisto  Bahia 



Em cima do morro - este foi o começo

Parece que antes do século XV terá havido algumas execuções nos pelourinhos. Mas a partir daí não há provas que tal sucedesse, pelo menos em relação às execuções capitais.

Posteriormente, os pelourinhos foram usados para serem o local onde eram lidos os “pelouros”, que eram as decisões tomadas pelas Câmaras Municipais de cada cidade. E assim sendo por todo o Brasil há registro de pelourinhos, cada um de uma forma.


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