segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


6ª PARTE: PLANO INCLINADO GONÇALVES

O Plano Inclinado Gonçalves no bairro do Comércio está fechado por quase dois anos, trazendo enorme prejuízo aos que precisam usá-lo a partir da Praça da Sé e aos comerciantes da Cidade Baixa que tiveram o seu faturamento diminuído por falta de circulação de pessoas na área.
Dizem que a paralisação não é devida a problemas técnicos do próprio “plano” e sim à possibilidade de desabamento de um prédio na lateral ,à esquerda do equipamento.
Se é verdadeira a informação, então, que se tome as providências necessárias ou demolindo o referido prédio ou o ancorando de alguma forma..O que não é admissível é deixar esse meio de transporte parado por quase dois anos.
É o que o novo prefeito tem que fazer urgentemente. Nesse sentido, as pessoas têm que compreender que os elevadores e planos inclinados de Salvador não são apenas uma atração turística de nossa cidade. Eles são equipamentos para melhorar e facilitar a mobilização dos habitantes da cidade. É algo absolutamente indispensável!

Oportunamente, vejamos o que escrevemos sobre esse equipamento o ano passado:
A Cidade de Salvador possui uma topografia íngreme que marcou a história da sua ocupação territorial desde os tempos do Brasil Colônia À princípio foram feitas as ladeiras. A primeira delas fazia a ligação entre Santo Antônio Além do Carmo e a Praia da Jequitaia, onde se localizou, por algum tempo, a Feira de Água de Meninos. Na época foram construídos os Fortes Santo Alberto e Barbalho, para garantir esse acesso.

Por ela subiam as mercadorias provindas do Porto da Lenha. Praticamente, não havia comunicação entre a Jequitaia e a área onde é hoje o Porto de Salvador.

Posteriormente, se fez a primeira ladeira nessa parte da cidade. A Ladeira da Conceição ligando a Porta Sul da Cidade à parte baixa, onde se construía a Igreja da Conceição da Praia. Não era, entretanto, o lugar ideal para o transporte de mercadorias para a Cidade Alta. Ficava um pouco distante do “centro”, localizado onde é hoje a Praça Municipal com extensão para a Rua da Misericórdia, Praça da Sé e Carmo, onde existia a porta norte com este nome.

Nesta área a cidade se estruturava com novos prédios, notadamente conventos e igrejas. No local, entretanto, não existia nenhuma ladeira. A Ladeira da Montanha foi construída muitos anos depois. Já se desenhava, entretanto, a Ladeira da Misericórdia, mas de pouco alcance. Não alcançava a parte baixa da cidade.

Mas era necessário levar materiais lá para cima. Foi ai que os padres jesuítas que começavam a construir o chamado Colégio dos Jesuítas, montaram um guindaste conhecido na época como “Guindaste dos Padres”. Decorria o Século XVII. Não era inclinado. Somente em 1889 foi transformado em plano inclinado.

Esses guindastes usavam alavancas com cabos. Depois foram eletrificados. Vejamos algumas descrições de cronistas da época:

Em 1610 um deles, chamado Pirare de Leval, descreveu esses guindastes como sendo “uma certa máquina destinada ao transporte de cargas com dois carrinhos sobre trilhos a trafegar simultaneamente”.

Poucos anos depois, outro de nome Francisco Coreal descreveu: “espécie de guindaste com uma boa talha onde havia polias e cordas subindo à medida que a outra descia”.

Isto funcionou até o ano de 1888. Neste ano, uma empresa inglesa sem experiência no setor de funiculares - sistema de transporte cuja tração é proporcionada por cabos, utilizados em locais onde há grandes diferenças de nível- recebia uma encomenda dos primeiros carros constando de uma plataforma plana destinada a transportar animais de carga. Era uma plataforma aberta. Mais tarde foi encomendada uma cabina fechada para transporte exclusivo de passageiros. Na época, chamava-se “chariot” (carro).

Nada funcionou! Dinheiro jogado fora. Teve até acidentes. Foi fechado durante muito tempo.

Ai se fez nova encomenda, desta feita a uma empresa alemã de nome Maschinenfabrik Esslingen, perto de Stuttgard. Foi fornecido um completo sistema funicular, incluindo trilhos, cremalheira, carros, propulsão a vapor e cabos. A construção das estações superior e inferior ficou a cargo da Prefeitura. O nome original da linha foi Dona Izabel, uma princesa real, mas como o Brasil a esse tempo já era uma República, o nome foi considerado impróprio e a linha recebeu o nome de um diretor da empresa, Engenheiro Manuel Francisco Gonçalves.

Esse fato gerou uma confusão de nomes que até hoje perdura. Inicialmente, a Prefeitura não fez a comunicação aos fabricantes e em determinado livro de autoria de um engenheiro alemão chamado Hefti, foi citado que o elevador chamava-se Izabel.

Isso ocasionou citações históricas que teriam existido dois elevadores inclinados: o Izabel e o Gonçalves, o que não coaduna com a verdade.


Outra confusão refere-se ao próprio nome Gonçalves
Certa feita, alguém chamou o elevador de Gonçalves Dias. Ora! Gonçalves Dias foi um grande poeta maranhense, autor desses versos maravilhosos:



"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores"


Nada haver, entretanto, com o elevador
Fica o registro, esperamos que definitivo.



Em 1931 mais uma reforma foi feita com novos carros do tipo plataforma da empresa Brill na Filadelfia/EUA, usando pólos de trole com linha elétrica No mesmo tempo a inclinação da linha foi alterada para adaptar as plataformas nos estações aos novos carros, as escadarias das plataformas das estações foram cobertas e plataformas planas foram introduzidas. Novos trilhos do gabarito estandarte - 1435 mm - foram instalados, e a cremalheira foi removida.

Ao longo dos anos, passou por períodos de fechamento até que foi revitalizado em 1998.

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