quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A VERDADE SOBRE CARAMURU


Recentemente li uma publicação numa revista, dessas de bairro, no caso o da Graça, sobre a figura de Caramuru ou Diogo Álvares Correia.  Sua autora logo no principio de seu escrito, usa uma frase da autoria do escritor Machado de Assis de que “a lenda é melhor que a história autêntica”.  Claro, a lenda é sempre fantasiosa e a história é muitas vezes cruel.

Com base neste dito, dissemina-se a ideia de que Carumuru realmente existiu da forma como se conta nas escolas, nos jornais e revistas. Não é verdade e enfatizamos essa negativa numa postagem que publicamos em 8 de abril de 2011. O seu teor mostras muitas verdades.


CARAMURU

Entre 1509 a 1511 uma expedição destinava-se as Índias e de passagem pela Bahia uma nau, possivelmente francesa, naufraga na altura do Rio Vermelho, precisamente no lugar hoje conhecido como Praia da Mariquita que em tupi-guarani significa "naufrágio dos franceses"



Comenta-se que apenas sobreviveu um tripulante, Diogo Álvares Correia, cidadão português nascido em Viana do Castelo, Portugal, em 1475 Faleceu em 1557 na Bahia Viveu, portanto 82 anos. Por aí já se conclui que, fisicamente, não era um homem comum, desde que a expectativa de vida, àquela época, não passava dos 40 anos. O homem viveu o dobro. Sabe-se também que casou com a filha do cacique Taparica, chefe dos índios Tupinambás por volta de 1528, casamento este ocorrido na França. Antes ela foi batizada com nome de Catarina Álvares Paraguaçu em homenagem à Catharina de Médici. (há quem diga que a homenagem foi a Catarine des Ganches, mulher do capitão do navio que levou Diogo e Cataharina à França). Após casados Diogo não teve pejo em apresentar sua esposa às cortes da França e Portugal. Certíssimo, mas imaginem o furor que causou. Catharina também não foi fácil. Deve ter enfrentado tudo e a todos com muita altivez. Afinal de contas era uma princesa natural e devia ter total consciência de sua importância. Deve ter também tido muita parcimônia com Diogo. O homem passou uma “geral” em toda a tribo. Teve filhos com muitas nativas. Namorou até a irmã de Catharina, a linda Moema que nem ela própria. Além de bonita, determinada, tornou-se uma católica fervorosa. A construção da igreja foi uma de suas determinações. Diz-se que teve um sonho que lhe sugeriu o feito, mas este é mais uma das invenções dos “lendários de plantão” cujo maior expoente é o frade José de Santa Rita Durão escritor daquela época (1781 ) Foi ele quem criou a figura de Caramuru, 271 anos depois que o homem chegou à Bahia.



Pura lenda a qual de tanto ser contada, se tornou uma referência histórica, quase uma verdade. Tem gente que diz, peremptoriamente, que “Caramuru naufragou nas costas da Bahia em 1510”. Quem naufragou foi Diogo Álvares Correia. A invenção de Caramuru é inverossímel e precisa ser contida. Atirou num pássaro que passava perto. Tornou-se o “homem trovão” por causa desse “feito”. O elmo que teria se vestido para combater os índios inimigos comandados pelo cacique Sergipe é de uma ingenuidade assustadora. O homem estava naufragando. Não podia estar munido com espingardas atiradoras à prova da água do mar e tivesse ele um elmo; certamente que teria afundado nos mares bravios do Rio Vermelho. A coisa é pesada!




Isto foi dito apenas num poema épico que nem o de Camões com suas Lusíadas! Claro! Foi apenas um poema com determinado valor, mas em transformar o que este frei escreveu numa realidade histórica para nossa juventude, não nos parece certo. Recusamo-nos a fazer o mesmo. A aparição de Diogo por entre as pedras que nem um caramuru; o combate aos índios adversários; a morte de seus amigos, etc. etc. é inverossímil. Mais certo seria ter escrito que a nau apenas encalhou nos recifes do Rio Vermelho; que toda tripulação saiu ilesa e armada; que saiu atirando; que os índios se assustaram; depois esses mesmos homens afugentaram índios inimigos que assaltavam a tribo local dias depois; que o Cacique Taparica em reconhecimento deu a mão de sua filha mais velha à Diogo Álvares Correira que passou a viver com ela, bem como seus companheiros que também foram agraciados com lindas morenas.

Independente de tudo, o próprio poema deixa a muito a desejar. Vejamos alguns tópicos do que escreveu o professor Theobaldo Miranda Santos: “Na partida do litoral brasileiro, ocorre a cena mais famosa de Caramuru: jovens indígenas apaixonadas pelo "filho do trovão" nadam em desespero atrás do navio, suplicando que o herói não se fosse. Em certo momento, já debilitadas resolvem retornar à terra. Uma indígena, entretanto, prefere morrer a perder de vista o homem branco. É Moema, que vai perecer tragada pelas ondas:

Perde o lume dos olhos, pasma e treme, pálida a cor, o aspecto moribundo, com a mão já sem vigor, soltando o leme, entre as salsas* escumas desce ao fundo:Mas na onda do mar, que irado freme, tornando a aparecer desde o profundo: "Ah! Diogo cruel!" disse com mágoa e sem mais vista ser, sorveu-se n'água.

“Como o tema era pobre em demasia, Santa Rita Durão enche os dez cantos do Caramuru com "guerras, visões da história do Brasil dos séculos XVI a XVIII, viagens, festas na Corte, etc." O resultado dessa mistura é uma obra prolixa, onde os episódios se atropelam sem unidade, dissolvendo qualquer possibilidade de significado épico". 

"Trata-se de uma epopéia anacrônica, escrita por alguém que, vivendo longe do Brasil desde a infância, armazena toda a bibliografia existente a respeito de sua terra. Ele quer conferir ao Caramuru uma atmosfera fidedigna e objetiva, o que infelizmente não consegue. “ A descrição da "doce Paraguaçu", por exemplo, contraria todo o princípio da realidade fisionômica e da cor dos indígenas". 

Ela é sem dúvida uma moça branca: Paraguaçu gentil (tal nome teve), Bem diversa de gente tão nojosa, De cor tão alva como a branca neve, E donde não é neve, era de rosa; O nariz natural, boca mui breve, Olhos de bela luz, testa espaçosa. 

Pois bem, essa bela moça, “da cor da neve” segundo o frei, está sepultada na sua igreja de forma merecida:

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


 PARTE – ELEVADOR DO TABOÃO

Ao longo dessas postagens colaborativas, temos enfatizado a necessidade dos elevadores e planos inclinados de nossa cidade. Por essa razão se faz necessário um plano de assistência técnica permanente com vistas ao bom funcionamento de todos eles.

Infelizmente, não é o que vem acontecendo. Temos problemas no Elevador Lacerda; o Plano Inclinado Gonçalves acha-se fechado quase por dois anos e o Elevador do Taboão está praticamente destruído.
Talvez fosse  a vez de instalar em seu lugar as escadas rolantes que nos referimos em postagem anterior. Naturalmente que isso depende de estudos. Que sejam feitos!

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


6ª PARTE: PLANO INCLINADO GONÇALVES

O Plano Inclinado Gonçalves no bairro do Comércio está fechado por quase dois anos, trazendo enorme prejuízo aos que precisam usá-lo a partir da Praça da Sé e aos comerciantes da Cidade Baixa que tiveram o seu faturamento diminuído por falta de circulação de pessoas na área.
Dizem que a paralisação não é devida a problemas técnicos do próprio “plano” e sim à possibilidade de desabamento de um prédio na lateral ,à esquerda do equipamento.
Se é verdadeira a informação, então, que se tome as providências necessárias ou demolindo o referido prédio ou o ancorando de alguma forma..O que não é admissível é deixar esse meio de transporte parado por quase dois anos.
É o que o novo prefeito tem que fazer urgentemente. Nesse sentido, as pessoas têm que compreender que os elevadores e planos inclinados de Salvador não são apenas uma atração turística de nossa cidade. Eles são equipamentos para melhorar e facilitar a mobilização dos habitantes da cidade. É algo absolutamente indispensável!

Oportunamente, vejamos o que escrevemos sobre esse equipamento o ano passado:
A Cidade de Salvador possui uma topografia íngreme que marcou a história da sua ocupação territorial desde os tempos do Brasil Colônia À princípio foram feitas as ladeiras. A primeira delas fazia a ligação entre Santo Antônio Além do Carmo e a Praia da Jequitaia, onde se localizou, por algum tempo, a Feira de Água de Meninos. Na época foram construídos os Fortes Santo Alberto e Barbalho, para garantir esse acesso.

Por ela subiam as mercadorias provindas do Porto da Lenha. Praticamente, não havia comunicação entre a Jequitaia e a área onde é hoje o Porto de Salvador.

Posteriormente, se fez a primeira ladeira nessa parte da cidade. A Ladeira da Conceição ligando a Porta Sul da Cidade à parte baixa, onde se construía a Igreja da Conceição da Praia. Não era, entretanto, o lugar ideal para o transporte de mercadorias para a Cidade Alta. Ficava um pouco distante do “centro”, localizado onde é hoje a Praça Municipal com extensão para a Rua da Misericórdia, Praça da Sé e Carmo, onde existia a porta norte com este nome.

Nesta área a cidade se estruturava com novos prédios, notadamente conventos e igrejas. No local, entretanto, não existia nenhuma ladeira. A Ladeira da Montanha foi construída muitos anos depois. Já se desenhava, entretanto, a Ladeira da Misericórdia, mas de pouco alcance. Não alcançava a parte baixa da cidade.

Mas era necessário levar materiais lá para cima. Foi ai que os padres jesuítas que começavam a construir o chamado Colégio dos Jesuítas, montaram um guindaste conhecido na época como “Guindaste dos Padres”. Decorria o Século XVII. Não era inclinado. Somente em 1889 foi transformado em plano inclinado.

Esses guindastes usavam alavancas com cabos. Depois foram eletrificados. Vejamos algumas descrições de cronistas da época:

Em 1610 um deles, chamado Pirare de Leval, descreveu esses guindastes como sendo “uma certa máquina destinada ao transporte de cargas com dois carrinhos sobre trilhos a trafegar simultaneamente”.

Poucos anos depois, outro de nome Francisco Coreal descreveu: “espécie de guindaste com uma boa talha onde havia polias e cordas subindo à medida que a outra descia”.

Isto funcionou até o ano de 1888. Neste ano, uma empresa inglesa sem experiência no setor de funiculares - sistema de transporte cuja tração é proporcionada por cabos, utilizados em locais onde há grandes diferenças de nível- recebia uma encomenda dos primeiros carros constando de uma plataforma plana destinada a transportar animais de carga. Era uma plataforma aberta. Mais tarde foi encomendada uma cabina fechada para transporte exclusivo de passageiros. Na época, chamava-se “chariot” (carro).

Nada funcionou! Dinheiro jogado fora. Teve até acidentes. Foi fechado durante muito tempo.

Ai se fez nova encomenda, desta feita a uma empresa alemã de nome Maschinenfabrik Esslingen, perto de Stuttgard. Foi fornecido um completo sistema funicular, incluindo trilhos, cremalheira, carros, propulsão a vapor e cabos. A construção das estações superior e inferior ficou a cargo da Prefeitura. O nome original da linha foi Dona Izabel, uma princesa real, mas como o Brasil a esse tempo já era uma República, o nome foi considerado impróprio e a linha recebeu o nome de um diretor da empresa, Engenheiro Manuel Francisco Gonçalves.

Esse fato gerou uma confusão de nomes que até hoje perdura. Inicialmente, a Prefeitura não fez a comunicação aos fabricantes e em determinado livro de autoria de um engenheiro alemão chamado Hefti, foi citado que o elevador chamava-se Izabel.

Isso ocasionou citações históricas que teriam existido dois elevadores inclinados: o Izabel e o Gonçalves, o que não coaduna com a verdade.


Outra confusão refere-se ao próprio nome Gonçalves
Certa feita, alguém chamou o elevador de Gonçalves Dias. Ora! Gonçalves Dias foi um grande poeta maranhense, autor desses versos maravilhosos:



"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores"


Nada haver, entretanto, com o elevador
Fica o registro, esperamos que definitivo.



Em 1931 mais uma reforma foi feita com novos carros do tipo plataforma da empresa Brill na Filadelfia/EUA, usando pólos de trole com linha elétrica No mesmo tempo a inclinação da linha foi alterada para adaptar as plataformas nos estações aos novos carros, as escadarias das plataformas das estações foram cobertas e plataformas planas foram introduzidas. Novos trilhos do gabarito estandarte - 1435 mm - foram instalados, e a cremalheira foi removida.

Ao longo dos anos, passou por períodos de fechamento até que foi revitalizado em 1998.

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


5ª parte – PRAÇA CAIRU
Vamos iniciar a postagem de hoje com uma foto maravilhosa da antiga Praça Cairu.
Vejam  ver como era esta praça antigamente, ainda ao tempo do antigo Mercado Modelo inaugurado em 1912  e incendiado em 1969.



É quase inacreditável. Fileiras paralelas de árvores nas laterais e no centro um grande e belíssimo gramado. Ao meio, a grandiosidade do belo monumento em homenagem ao Visconde de Cairu, economista, historiador, jurista, publicista e grande político brasileiro, ativo na época da Independência do Brasil.  Nesta foto vê-se ainda o antigo Mercado Modelo. Compunha  elegantemente o quadro. Extraordinário!

Não existe mais o antigo Mercado Modelo, incendiado para permitir o acesso à Avenida do Contorno. Ficou redonda. Do lado esquerda fizeram um estacionamento público, hoje tornado privado e à direita permitiram a instalação de dezenas de barracas que vendem artigos artesanais.

O monumento (belíssimo) sustenta-se  em meio à tormenta das barracas artesanais, mas quase não se percebe sua existência. Mistura-se com as “coisas” da praça e fica em segundo plano.
Outro monumento existente no perímetro é o chamado Fonte da Rampa do Mercado, em homenagem ao antigo Mercado Modelo, obra do escultor Mario Cravo. Está sempre sujo e a fonte não funciona.


Ainda na praça, à direita, sustenta-se por longos anos um prédio belíssimo. Ele é todo revestido de azulejos portugueses. Uma preciosidade. Caracteriza-se também pelas dezenas de janelas em sua fachada. Falou-se muito que seria um grande hotel, mas parece que a ideia  falhou (culpam a crise européia). Chegaram a colocar uma tela azul para limpeza dos azulejos. Hoje esta tela são trapos ao vento.

A área que acabamos de focalizar, juntamente com a do Pelourinho, é uma das mais  visitadas pelos turistas .Tem a magnitude do Elevador Lacerda, único no mundo com  o formato que tem; e tem o Mercado Modelo, sempre um convite pelas suas atrações artesanais e culinárias, afora o monumento em homenagem ao antigo Mercado Modelo e sua rampa famosa. Mais a esquerda, ressalte-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, cujas pedras de sua fachada vieram de Portugal, numeradas uma a uma; por outro lado, é uma das primeiras igrejas do Brasil, em considerando a Ermida mandada construir por Tomé de Souza nas proximidades de 1549/1950. Afora tudo isto, tem o casario centenário compondo o cenário.

Por essa e outras razões que se poderia acrescentar, este é um lugar que mereceria dos prefeitos de nossa capital a maior atenção. É como se fosse uma sala de visitas; deveria estar sempre bem cuidada, mesmo que os quartos e a cozinha  não estejam lá essas coisas.

Mas como se viu pelas fotos, não é o que vem acontecendo ao longo dos anos. Não se trata de focar apenas a gestão do atual prefeito. Não foi ele que incendiou o antigo Mercado Modelo; como também não foi ele que fez a reforma para pior da Praça Visconde de Cairu. Era retangular, com dezenas de árvores no seu contorno;  um extenso gramado combinado com calçamento de pedras portuguesas formando belos desenhos. Também não foi ele que permitiu o funcionamento de dezenas de barracas de produtos artesanais em plena praça, fazendo concorrência com os comerciantes de dentro do mercado que pagam seus impostos e taxas respectivas, bem como dando um horroroso aspecto ao local. Diz-se que é uma feira, bem no centro da cidade.
E tem solução à médio prazo, pelo menos? Tem! A retirada das barracas não deve ser difícil. Do estacionamento também não. Aí restará um espaço redondo que poderá ser calçado com pedras portuguesas formando monumentais desenhos que vistos das balaustradas da Praça Municipal ou de cima da Prefeitura, impressionasse o mundo turístico. Fácil e barato!
A verdade nua e crua é a seguinte: os nossos governantes  não sabem aproveitar as características de nossa cidade, feita em dois níveis. Nunca souberam!
Há algo bem razoável na Praça da Sé desde o momento que o escultor Mário Cravo construiu as Cruzes Caídas no belvedere ali existente.
Aproveitando a oportunidade, para quem não sabe, esse monumento quer representar a demolição da antiga Igreja da Sé que era a nossa Catedral. Um dos maiores crimes cometidos contra um patrimônio de uma cidade. Era um templo sensacional, único pela sua localização.
Muitos haverão de perguntar: por que e cometeu essa atrocidade? Simplesmente para que os bondes da Companhia Circular da Bahia passassem pelo local em direção à Misericórdia. Hoje, ficamos sem os bondes e o grande patrimônio que era essa igreja.
De relação ao outro monumento do grande escultor baiano referenciando-se à antiga fonte da rampa do Mercado Modelo, temos uma sugestão: a Prefeitura poderia fazer um convênio com a Marinha para que essa instituição cuidasse desse monumento. Aí ia ficar uma beleza!

domingo, 26 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


4ª PARTE – CONCEIÇÃO DA PRAIA

Ao tempo do Cônego Aquino Barbosa, grande pároco da Igreja da Conceição da Praia, a situação acima não permaneceria por muito tempo. Trata-se de um prédio vizinho à Igreja da Conceição da Praia; dele restou apenas uma das paredes laterais, justamente  aquela junto à igreja, ameaçando o grande monumento de nossa cidade.

Sem dúvida que o cônego tomaria uma providência enérgica e imediata. Iria até o fim do mundo para livrar-se do perigo.
Na falta do cônego, cabe à Prefeitura uma solução imediata, ou demolindo  o que restou do antigo prédio ou restabelecendo a sua estrutura. É uma das obrigações do futuro prefeito.
Para completar o quadro, do lado direito da igreja, subindo a Ladeira da Conceição da Praia, construíram um prédio cujas obras foram embargadas faz um bom tempo. É outro perigo, desta feita, ameaçando a outra lateral da igreja.
Para se ter uma melhor idéia, pelos espaços onde seriam as janelas, projetam-se vários tipos de plantas, algumas de algum porte. Naturalmente, os troncos e os galhos dessas plantas estão forçando  as paredes do prédio e a tendência é ele desabar, até com risco de vida de pessoas que circulam na área. Por outro lado, o aspecto é dos mais degradantes.
Outra demolição que se faz necessária é o conjunto de três prédios que sobraram no meio da Praça da Conceição,  ao tempo da construção da Avenida do Contorno.
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Nos dois primeiros, igualmente desenvolve-se uma mataria das mais generosas. A impressão que isso deve dá aos turistas não é das mais agradáveis.

A situação não é pior na área porque do outro lado, funcionam as instalações da antiga Escola de Aprendizes de Marinheiro, sempre bem cuidada.
Chegamos a acreditar que o Comando Naval não deve gostar dessa vizinhança degradada. Não fosse a igreja, que também não está essas coisas  e, possivelmente,  a Marinha já teria tomado uma providência. Aliás, fica a sugestão. Uma intervenção militar.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO


TERCEIRA PARTE – LADEIRAS DA CONCEIÇÃO DA PRAIA E DA PREGUIÇA
Na postagem anterior focalizamos a Ladeira da Montanha, inaugurada em 1873. Agora, vamos tratar de duas outras na região da Preguiça: as ladeiras da Conceição da Praia e da Preguiça.
As duas, possivelmente, seriam as mais antigas da cidade. Registra-se que, tão logo  Tomé de Souza organizou Salvador em 1549-1550- teria ordenado a construção de uma ermida na Enseada da Conceição da Praia, hoje a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Para tanto  se fazia necessário um acesso à referida praia à época chamada “Enseada da Preguiça”.

Claro que a foto acima não é daquela época. Possivelmente seja do princípio do século XX.

Um dos caminhos apontados como o mais provável dos construtores da referida ermida, teria sido a atual Ladeira da Conceição da Praia, não nos moldes acima; apenas um caminho.

Por outro lado, há que se considerar que a atual Ladeira da Preguiça, poderia ter sido usada primeiramente, desde que ela fazia parte dos caminhos que  Thomé de Souza tomou quando se dirigiu da Vila Pereira na Barra até o “cume” onde  foi construída Salvador.
Julga-se que da “Vila” teriam vindo os materiais necessários para construir a cidade, inclusive há uma grande possibilidade de que a própria Enseada da Preguiça tenha sido usada pelos colonizadores para o acesso à nova cidade que se construía.

Pelo que se vê nas fotos acima, ambas as ladeiras estão com os prédios que nelas se construiram na pior situação: sujos e quebradiços (caindo aos pedaços) e isto praticamente no centro da cidade. Passam-se os anos; elegem-se novos prefeitos e nenhum deles foi capaz de consertar esse estrago.
Agora, quando se pensa na revitalização da Ladeira da Montanha que não deixem de lado as duas outras, pois as três fazem parte de um mesmo complexo: onde termina uma, começa a outra e vice-versa. Praticamente se misturam!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO

SEGUNDA PARTE

“Do lado oeste da Praça Tomé de Souza, lado do mar de Salvador, fica o Elevador Lacerda. Ele não é o único elevador público no mundo, contudo, talvez seja o mais significativo, em considerando a importância que tem no transporte de pessoas de uma parte mais baixa de uma cidade para a sua parte alta.


Agora imaginem os senhores que esse equipamento foi idealizado e construído em 1873, uma época que ninguém tinha carro e mesmo o transporte coletivo era precário.

Ainda como fato inédito na história das “urbis” de todo o mundo – Urbi Et Orbi” – talvez seja o único que possui uma passarela sobre uma ladeira também de grande importância urbana, que não é outra senão a nossa Ladeira da Montanha, oficialmente, Ladeira Barão Homem de Melo.”

O trecho acima foi escrito por nós em 2/2/2011. Como se vê, destacamos a importância desse elevador para a cidade de Salvador antes (1873)  como hoje (2012). Se anteriormente  sua importância era devida a precariedade de transporte, hoje, com uma população na ordem de 3 milhões de pessoas, ele se torna uma equipamento básico e fundamental de uma cidade com dois níveis como a nossa.
Apesar disso, sente-se ao longo dos anos, um descaso por parte de nossos dirigentes de relação ao referido equipamento. Pela sua importância, pelo tempo de sua existência, ele deveria ter uma excelência de serviço de primeiríssima qualidade técnica, o melhor do mundo, custasse o que custasse. Tem que se pensar assim!
Não é o que vem acontecendo. Houve momentos nesse ano e no anterior que duas ou três cabines não funcionaram por dias e mais dias, provocando filas e mais filas de usuários, tanto moradores da cidade quanto turistas.
Essas paralisações denotam que os equipamentos que possuímos não são os melhores existentes – deve ter coisa bem melhor.
Seja como for, estranha-se que após quase 500 anos de existência (463 anos), não se tenha pensado em sistemas de escada rolante ligando as duas partes da cidade. São muito mais efetivas do que qualquer elevador. Elas são ininterruptas; funcionam sem parar em nenhum momento. Não é por outra razão que os metrôs de vários níveis, como existem em São Paulo, esses equipamentos são usados com a maior eficiência. Claro que os elevadores continuariam; apenas serão ajudados na labuta de descer e subir das pessoas.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

SUGESTÕES E IDÉIAS AO NOVO PREFEITO

PRIMEIRA PARTE

Este blog durante três ou mais anos vem relatando a história de Salvador desde o seu inicio aí pelos anos de 1549 até os dias de hoje. Inicialmente, especificou a Cidade Baixa; depois, a pedidos, tratou também da Cidade Alta.
Confessamos, todavia, que detalhamos com maior especificidade, a Cidade Baixa. Moramos nela durante muitos anos - mais de 50. Tínhamos mais estudo sobre ela.
Esta preferência se tornou importante pelo fato de que esta parte da cidade é a que mais se degradou ao longo do tempo, razão pela qual, num momento como este, de eleição de novos dirigentes de nossa capital, pode ajudar de alguma forma no projeto de governo dos candidatos de relação a essa parte da cidade.
Não estamos sendo cabotinos ou fantasiosos, mas ninguém pode negar hoje em dia, a importância da internet na orientação de todas as coisas da vida, inclusive as coisas de uma cidade. É o que estamos fazendo.
Faremos uma sucessão de postagens sem nenhuma preferência pessoal por qualquer dos candidatos, tão somente interessados em colaborar de alguma forma para a gestão do vencedor.
Vamos começar com os principais acessos que a cidade possui ou venha a possuir entre a Cidade Alta e a Baixa. Primeiramente, temos as ladeiras: Montanha, Preguiça, Conceição da Praia, Pilar, Taboão, Lapinha e Água Brusca.
Em seguida há de se tratar dos elevadores Lacerda, Gonçalves, Taboão, Pilar e Calçada (Liberdade).
Sobre os mesmos (ladeiras e elevadores) fizemos diversas postagens ao longo desses anos. Vamos nos recordar de muitas delas, naturalmente acrescentando novos elementos.
CONFLUÊNCIA DA LADEIRA DA MONTANHA COM AS LADEIRAS DA CONCEIÇÃO PREGUIÇA E AV. CARLOS GOMES.

Vamos começar por esse lugar que pouca gente trata, mas que é muito importante. Fica localizado na confluência entre as Ladeiras da Montanha, Conceição da Praia, Preguiça e Avenida Carlos Gomes, bem no centro de Salvador, proximidades da Praça Castro Alves.

Antigamente funcionava ali um estacionamento para carros pertencente a uma dessas empresas especializadas do setor. Sua estrutura era em três níveis, descendo a Ladeira da Preguiça,  conjuntamente com a Ladeira da Conceição da Praia e ainda acesso pela Ladeira da Montanha. Ainda estão lá as divisórias em telas de arame.

Pois bem! Antigamente esse lugar era assim:

Quatro grandes prédios ocupavam este espaço, como que vindos da Ladeira da Montanha.  Na esquina ainda não existia o Edifício Sulacap. A Avenida Carlos Gomes segue no meio dessas edificações paralelas.
Em seguida, fez-se o Edifício Sulacap e ainda a esse tempo, os quatro prédios referidos que vinham da Ladeira da Montanha, permaneciam no lugar:

Há de se reparar a “falha” , digamos assim, que o ex-estacionamento provoca.  É como que um buraco bem no centro da cidade. Simplesmente horrível!
Mas por que estamos iniciando esse trabalho ressaltando esse espaço? Pela seguinte razão: fala-se muito na recuperação dessa área a partir da Ladeira  da Montanha, construída no século XIX na gestão do Presidente da Província da Bahia, Barão Homem de Melo, daí o seu nome oficial: Ladeira Barão Homem de Melo.

Segundo se fala, a Ladeira da Montanha passaria por uma revitalização que prevê a transformação dos imóveis da área em pousadas, restaurantes, etc., além da criação de belvederes para contemplação da vista da Baia de Todos os Santos. Voltaria a se tornar uma área de boemia, como era no passado, guardadas as devidas proporções.
No mesmo projeto, a Rua Chile vai passar por uma recuperação das fachadas de seus prédios que devem ser transformados em futuras moradias e ter as calçadas alargadas.
Abrindo aqui um parêntese, ainda de relação à Rua Chile, não se acredita muito em transformação dos prédios em moradias, desde que grande parte da famosa rua é ocupada de um lado pela lateral do Palácio do Governo e do outro pelo ex Hotel Pálace,  (vamos ser mais realistas). Seria melhor pensar na recuperação do hotel que tem uma estrutura belíssima. Talvez fazendo uma cobertura de toda a rua e transformando-a num shopping, fosse muito melhor. Providência dessa natureza já foi realizada em alguns países.
Retornando à nossa extraordinária Ladeira da Montanha com o Elevador Lacerda passando por cima (única no mundo), cabe-nos salientar que são horríveis os prédios à direita da ladeira.
Melhor seria que eles fossem demolidos  afim de descortinar a excepcional vista da Baía de Todos os Santos, aliás, como é hoje em dia parte dela:

E se perderia a ideia de transformar a ladeira num espaço boêmio como se está dizendo?
Primeiramente, esqueçamos que não estamos mais no tempo do 63 ou do 64. Se se pensa recuperar o espírito de uma época, é de bom alvitre lembrar que estamos noutros tempos e lugares: por exemplo, hoje temos toda a orla marítima para os diversos devaneios.
O que realmente se deve fazer é o aproveitamento do espaço do antigo IAPI, ou seja, do ex-estacionamento e aí construir belvederes, bares, restaurantes com vista para o mar. O local está pronto para esta realização pelo futuro prefeito.

sábado, 11 de agosto de 2012

A SALVADOR DE ANTIGAMENTE

Por mais incrível que possa parecer, cerca de 6 quilômetros de vista do nosso mar está obstruída na Cidade Baixa a partir do 1º Armazém do Porto no Comércio, até o Largo da Boa Viagem. Especificando a obstrução: primeiramente, são os armazéns  números 1 a 9; em seguida as duas feiras– Água de Meninos (desativada) e São Joaquim (em reforma); Largo da Calçada; toda Barão de Cotegipe; Largo de Roma; igualmente toda a Av. Luiz Tarquínio até o Largo da Boa Viagem. Só ai o mar reaparece.

Agora, abre-se uma nova perspectiva com a demolição dos armazéns 1 e 2 para a construção de uma nova estação marítima e nessa oportunidade parte do mar se descortinará aos nossos olhos. Verdade que   a "abertura" não deve passar dos 500 metros, mas é tão carente a Cidade Baixa de mar que lhe é tão próximo, que já estamos comemorando o feito como se fosse uma redenção extraordinária e poderá sê-lo.

Quem sabe se após a conclusão da obra, mais dois ou três, talvez cinco armazéns, não sejam postos abaixo e toda essa área possa nos colocar de novo junto ao mar, como era antigamente.

Será que estamos sonhando coisas impossíveis de acontecer? Não estamos! Sabe-se que nos planos de expansão do porto, fala-se em construções de novos atracadouros projetados na vertical das avenidas que lhe dão acesso, inclusive, muitos deles na projeção onde era a Feira de Água de Meninos. Por outro lado, comenta-se com frequência, a desapropriação dos imóveis (caindo aos pedaços) de toda a Barão de Cotegipe e Luiz Tarquinio e a construção de uma grande avenida à beira-mar.

Mas ali funciona um comércio de muitas lojas, principalmente de equipamentos elétricos e outros? Claro que não devemos esquecê-las. As mesmas poderiam ser deslocadas para "shoppings" com 4 a seis andares ao longo dessa avenida com espaçosos estacionamentos neles próprios, como são os que hoje temos para outros setores do comércio. Na Pituba, por exemplo, tem um shopping só de materiais para casa e outros destinos. Vive cheio! Claro que as vendas iriam crescer. O que não pode é continuar a degradação arquitetônica desses dois lugares, além da obstrução da vista do mar e a falta de estacionamento.

  Infelizmente, não somos arquitetos para formar uma maquete de como ficaria esta região. Em compensação, temos um arquivo de fotos e pinturas de como era a Cidade Baixa antes da intervenção dos diversos governos nessa área; melhor dizendo, antes mesmo dos aterros. Era uma cidade belíssima, tendo o mar como seu principal ornamento. Vejamo-la:


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Inicialmente, uma reprodução da tela de Diogenes Rebouças da Enseada da Preguiça. Uma praia em frente a um corredor de prédios de quatro andares. No alto da tela, o Convento de Santa Tereza.


  1. O painel acima acha-se na Estação da Navegação Baiana, junto à Via Náutica. Mostra parte da Preguiça; a Igreja da Conceição da Praia e o Elevador Lacerda (o antigo). No alto vê-se os arcos da Ladeira da Conceição da Praia.
Na sequência, outra tela do mesmo pintor. É o nosso atual Mercado Modelo. Na época era a Alfândega. O mar chegava nas suas laterais e fundo. Como deveria ser belo!


Acima uma foto das imediações da  antiga Rampa do Mercado Modelo (antigo). Entretanto, está aqui situada mais para mosgtrar a "pérgola" dos fundos da antiga Alfândega, hoje o novo Mercado Modelo. Nessa pérgola, funcionam atualmente os restaurantes de Maria de São Pedro e Camafeu de Oxóssi.
Na sequência o famoso Cais das Amarras. Os prédios (todos eles) foram construídos ao estilo pombalino, originado em Portugual (Lisboa). Inicialmente uma tela e em seguida fotos; uma delas a estrutura de um prédio pombalino:





Acima, outra foto do Cais das Amarras. Vê-se, ao alto, a antiga Sé da Bahia (à direita) e a atual Catedral. A primeira tem a frente voltada para o mar e a segunda deu as costas para o mar (velha tendência). Entre as duas, as edificações do antigo bairro da Sé, destruído para dar passagem aos bondes da antiga Companhia Circular da Bahia. Hoje é a Praça da Sé.



À esquerda da foto acima, vê-se os prédios que circundavam o Cais das Amarras e um sem número de pequenas embarcações. No mais os prédios baixos do antigo Comércio.

Ao final do Cais das Amarras, deparamo-nos com o prédio e o obelisco da Associação Comercial da Bahia. O mar ficava próximo ao monumento. Sensacional! Vejam a foto seguinte. É impressionante a beleza da praça onde se encontram esses dois monumentos:


A rua Miguel Calmon veio desembocar nessa praça. O então governador da época queria passar por cima do monumento e da Associação Comercial. Há de se reparar o Cais das Amarras ao fundo com seus prédios alinhados ao estilo pombalino. Foram todos derrubados para que fosse feito o aterro do qual originou o atual Porto de Salvador. Além do erro técnico da construção de um porto nesse local, (assunto já largamente comentado nesse blog), faltou sensibilidade. Essa gente não tinha nenhum conceito de beleza. Ou não conheciam a cidade ou não gostavam dela, ou as duas coisas juntas e tanto isso é verdade que a bombardearam à partir do Forte de São Marcelo.



Acreditem que é verdade! Este é o Forte Santo Alberto em Água de Meninos . Foi construido pelo Governador D.Diogo de Oliveira e reconstruído em setembro de 1722 pelo Vice-Rei, o Conde das Galveas.
Hoje, quem passa pela Avenida Jequitaia vê o referido forte, agora pintado de branco. Antes o mar batia em seus costados.
Seguindo, uma rara pintura da Igreja e Orfanato São Joaquim. O mar chegava perto. Só não lhe alcançava porquê existia um elevado verde à sua frente. Reparem atrás que, ainda não havia nenhuma construção no morro. Hoje é uma imensa favela que se estende até Paripe.


Colégio e Igreja de São Joaquim

Finalizando, reproduzimos duas fotos preciosas. Uma da área onde mais tarde se instalou a Feira de Água de Meninos.
A outra foto é onde hoje está a Praça Marechal Deodoro no Pilar. Reparem a beleza que era. Um bonde caminha pelos trilhos que marcavam o chão da antiga Salvador. Sente-se que a cidade era bem cuidada e belíssima.