quinta-feira, 31 de maio de 2012

FAROL DA BARRA – IMAGENS DE OUTRORA

Há muitos anos atrás, quando ainda jovem, esse autor teve o privilégio de subir na torre do Farol da Barra, só recentemente aberta ao público. Éramos Conselheiro do Esporte Clube Bahia e o responsável pelo farol era o jogador Gerereco, ponta direita do Tricolor. Era o faroleiro da Barra. Morava no forte.

 Num determinado dia, fomos convidados pelo mesmo para conhecer o grande farol por dentro, inclusive subir na sua torre. Naquela época não se tinha as máquinas fotográficas de hoje e não foram registradas as cenas espetaculares que este autor presenciou. Tenho-as apenas na memória. Recentemente, tive o prazer de ver as fotos feitas pelo autor do blog www.skyscrapercity.com Sensacionais! Convergiram com as imagens já embaçadas pela catarata do tempo, mas ainda na memória, e não nos contivemos em publicar algumas delas. Contudo, não seria mais conveniente que nós próprios tirássemos novas fotos? Claro que seria! Todavia o tempo passou. O autor não é mais o joven daqueles tempos. A idade chegou, como se costuma dizer. Não dá mais para subir os degraus da escada da torre. Temos de nos contentar com que os outros vêem Felizmente as fotos que apresentaremos a seguir coincidem com as imagens de outrora.

Ao longo desse blog, vamos ver o que escrevemos sobre esse farol:

Foi instalado ao final do século XVII durante o Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702). Era um torreão quadragular encimado por uma lanterna de bronze alimentada por óleo de baleia. Teria sido o primeiro do Brasil e do Continente Americano (1698) quando passou a ser chamado de “Vigia da Barra”, mais tarde “Farol da Barra”. Em 6 de julho de 1832 por Decreto Regencial foi determinada a instalação de um novo farol de fabricação inglesa. Ao término das obras, inauguradas em 2 de dezembro de 1839, o novo farol de luz catóptico erguia-se sobre uma torre troncônica de alvenaria com alcance de 18 milhas náuticas em tempo claro. Somente em 1937 o farol ganhou luz elétrica. Hoje, procedidas novas modificações técnicas, o farol tem o alcance luminoso de 70 km para a luz branca e 63 km para luz vermelha. Ele está instalado sobre uma torre de alvenaria a 37 metros acima do nível do mar.




Já o forte em si, é uma construção dos séculos XVI e XVII. Teve um papel importante na luta contra a invasão holandesa, na guerra da Independência e na Sabinada. A sua construção foi iniciada pelo primeiro donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho em 1536, tendo inicialmente forma de torre com dez lados. Foi reformado entre 1583 e 1587 por Manoel Teles Barreto e mais tarde entre 1602 e 1702. O forte de Santo Antônio foi instalado na Ponta do Padrão como à princípio era chamado o morro que hoje abriga este forte. Isto aconteceu apenas 34 anos após o descobrimento do Brasil. Esta fortificação fazia parte do sistema de defesa planejado para proteção da Cidade de Salvador contra as invasões de navios de outras nações, notadamente França e a antiga Holanda. Grande parte de historiadores e pesquisadores dizem que, este forte era o mais avançado dos fortes construídos. Não era! O mais avançado era um forte construído no Rio Vermelho, onde hoje se encontra a nova igreja deste bairro. No local, ainda há vestígios do mesmo. A princípio, o Forte era apenas uma trincheira montada em terra socada, feita de areia e taipa, pedra e cal. Na época da invasão holandesa foi reformado recebendo a forma irregular de estrela com quatro faces reentrantes e seis salientes. O morro onde está instalado o Forte de Santo Antônio da Barra era conhecido como a Ponta do Padrão. Vejamos por que: os portugueses costumavam colocar em lugares por eles descobertos um marco de posse e domínio da terra. No caso, foi fincada uma coluna de pedra – um padrão – no referido morro. Foi autor da façanha o cosmógrafo florentino Américo Vespúcio que fazia parte da expedição de Gaspar de Lemos que aqui se demorou por cinco dias. Inicialmente deu nome a Baia de Todos os Santos e na saída assentou o termo de posse na Ponta do Padrão para que não houvesse dúvida, pois, pois. Isso aconteceu em 1501. Por quê Forte Santo Antônio? Na época era a tradição que todas as praças de guerra fossem dedicadas a um santo, que protegeria o local do alcance da artilharia inimiga. O primeiro registro oficial de que Santo Antônio foi o eleito para abençoar o forte da Barra data de 1705, quando o governador Dom Rodrigues da Costa expediu ordem dirigida ao provedor-mor da Fazenda Real do Estado para que assentasse praça de capitão ao Santo Antônio da Barra com direito a soldo que seria pago ao Convento de São Francisco. Em 1810 o santo foi promovido a major e em 1814 a tenente-coronel com respectivos soldos aumentados, claro!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA DA BAHIA – NOVAS INTERVENÇÕES EM SUA SEDE

O mundo social-esportivo de Salvador está em sobressalto. Na semana passada, foi anunciada uma negociação que se está fazendo entre a Associação Atlética da Bahia e uma empresa local para a construção de um Apart- Hotel, onde hoje funcionam as lojas que foram construídas ao lado da sede, mais o espaço da quadra de tênis, a casa de show e o campinho de futebol. Por aí, desde que, geralmente, na hora na verdade ( da construção), surgem novas partes. Pelo menos foi o que aconteceu na vez anterior.
O fato é considerado inusitado porque não faz muito tempo que a nova sede foi inaugurada em bonita solenidade com discurso do Vice-Prefeito da Cidade, Dr. Edivaldo Brito. Era o fim de um período difícil para o clube, quando esteve fechado por mais de dois anos.

Também é estranhável a notícia, porquê não faz um mês, o presidente do clube, em entrevista a imprensa, dizia que a entidade ia muito bem e já alcançava uma renda mensal de R$260.000.00 e que a todo momento novos sócios estavam sendo admitidos. Outro fator a favor dos bons ventos, foi o aumento para 5 mil reais do título do clube (custava 3,5 mil reais).

Com esse quadro, absolutamente favorável, não se entende a cessão de um espaço de 2 mil metros quadrados para a construção acima citada, a não ser que, por trás desse panorama haja , em verdade, uma outra situação que ainda não pôde ser revelada, mas já temos indícios e parece que  não são bons.

Primeiramente, as lojas que foram construídas em plano elevado, ao lado do portão principal do clube, não estão dando o rendimento que se esperava, absolutamente necessário para o equilíbrio do orçamento. Mas, por quê? Em plena Barra, bairro classe A, grande poder de consumo, essas coisas de ordem econômica. Culpa-se o mau posicionamento das mesmas – questão de visibilidade – para seu acesso depende de duas escadas. Além do mais, nas proximidades funciona o Shopping da Barra onde o povo já está acostumado a freqüentar.


Reparem que na frente das lojas existe uma grade. Dá uma sensação de privacidade. Quem não é sócio, fica pensando que o local é reservado. Ninguém sobe.

Em segundo lugar, a casa de show – Salvador Hall – passa por momentos incríveis. Programada para receber um público de 1300 pessoas, foi limitada pelos poderes públicos para uma frequência  entre 300 a 500 pessoas. Não deu e não dá para pagar 50 mil de aluguel e não poder fazer uma festa de peso com rentabilidade. Está inadimplente com o clube há vários meses.

Por outro lado, o clube está sofrendo uma pressão muito forte por parte dos moradores dos prédios construídos ao fundo e ao lado, dentro do mesmo projeto de aproveitamento do antigo terreno. A coisa já está na área da justiça e é séria. Parece que o condomínio pede a suspensão das atividades do clube ou parte delas. A quadra de tênis é a mais questionada. Os jogos vão até tarde da noite e o som das bolinhas perturba o sono dos moradores. Resultado: o clube está se sustentando com liminares suspensivas. Até quando?
Analisando esta questão com mais agudez, será que ninguém previu que isto teria que acontecer? A construtora não previu? Os moradores não previram que morar junto a um clube não é aconselhável em nenhum lugar do mundo? E agora? Quem vai ceder? Parece que é o clube. Já deu a primeira manifestação dessa inclinação. Está vendendo mais 2000 metros quadrados de sua área. Não devia ser assim. Manda a lógica que, em casos tais, quem chegou primeiro tem preferência. O clube chegou primeiro, aliás, já estava ali a século-seculorum.

Os apartamentos foram construidos no seu espaço.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

FAROL DA BARRA – A MARAVILHA ESQUECIDA

O mundo está repleto de grandes maravilhas arquitetônicas. Todas elas são um enorme patrimônio da humanidade e as nações que as possuem têm o maior orgulho, ao tempo em que procuram divulgá-las de todas as formas possíveis, antigamente como uma demonstração de poder e nos tempos atuais para fortalecer correntes turísticas.

Uma das formas de realçar essas qualidades é a organização de uma relação das mais notáveis dessas atrações. Convencionou-se, por exemplo, a divulgação das 7 maravilhas de uma determinada época. A coisa começou com os gregos entre os anos 100 a 150 dc., hoje conhecida como as 7 Maravilhas do Mundo Antigo. Vejamo-las:

Por ordem- de cima para baixo, bem como da esquerda para a direita :Jardins Suspensos da Babilônia; Templo Ártemis de Éfaso; Mausoléu de Halicarnasso; Colosso de Rodes; Farol de Alexandria; Pirâmide de Quéops e Estátua Zeus de Olimpia. Posteriormente, organizaram-se outras relações até que em 2008 se fez por eleição mundial das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Ei-las:

1. Brasil – Cristo Redentor, Rio de Janeiro (Christ Redeemer, Brazil)* 2. China – Grande Muralha da China (The Great Wall of China) 3. Índia – Taj Mahal (The Taj Mahal, India)* 4. Itália – Coliseu, Roma (The Roman Colosseum, Italy) 5. Jordânia – Petra (Petra, Jordan)* 6. México – Pirâmides de Chichén Itzá, Yucatan (Chichén Itzá, Mexico) 7. Peru – Machu Picchu (Machu Picchu, Peru)*

A moda também chegou ao Brasil e em 2008/2009 fez-se a eleição das 7 Maravilhas locais:


Pela ordem que se vem adotando: Igreja da Pampulha – Ponte Hercílio Luz – Museu de Arte Moderna de São Paulo – Real Príncipe de Beira – Teatro da Paz – Oficina Brennand e Itaipú.

Sem dúvida uma série belíssima, mas que merece uma contestação. Primeira delas, é a ausência do Cristo Redentor, incluso entre as 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Logo, seria normal a re-indicação do monumento. Como foi feito, pode ficar a impressão de que os brasileiros não aprovaram sua indicação entre as 7 Maravilhas do Mundo Moderno.

Uma outra grande ausência nessa relação é o nosso Farol da Barra, não somente pela sua beleza e localização, mas principalmente pela sua história. Inicialmente, o Morro do Padrão onde ele foi construído, é o marco de posse das terras brasileiras por Portugal. Nele foi colocado o “padrão de posse” , daí o seu nome. Inicialmente foi um forte e sua construção é do século XVI. Teve um papel importante na luta contra a invasão holandesa, na guerra da Independência e na Sabinada. A sua construção foi iniciada pelo primeiro donatário da Capitania da Bahia, Francisco Pereira Coutinho em 1536, tendo inicialmente forma de torre com dez lados. Foi reformado entre 1583 e 1587 por Manoel Teles Barreto e mais tarde entre 1602 e 1702.
O farol fica dentro do forte e sinaliza em dois sentidos: o banhado pelas águas abertas e agitadas do Oceano Atlântico e o banhado pelas águas tranquilas da Baía de Todos os Santos. Foi instalado ao final do século XVII durante o Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702). Era um torreão quadrangular encimado por uma lanterna de bronze alimentada por óleo de baleia. Teria sido o primeiro do Brasil e do Continente Americano (1698) quando passou a ser chamado de “Vigia da Barra”, mais tarde “Farol da Barra”. Em 6 de julho de 1832 por Decreto Regencial foi determinada a instalação de um novo farol de fabricação inglesa. Ao término das obras, inauguradas em 2 de dezembro de 1839, o novo farol de luz catóptica (1) erguia-se sobre uma torre troncônica(2) de alvenaria com alcance de 18 milhas náuticas em tempo claro. (1)Relativo ou pertencente a um espelho ou à luz refletida. (2) Significado de Troncônico (tronco+cônico) Que forma cone truncado.

FAROL DA BARRA – TODO BRANCO

Em postagem feita alguns dias atrás, publicamos a foto seguinte do Porto da Barra. Extraordinária! Mostra-o ainda no século XIX.
Tivemos oportunidade de destacar o ancoradouro feito pelo homem, uma verdadeira marina, bem como citamos as casas construídas parede com parede, bem assim fizemos referência ao Morro do Gavazza em frente ao Forte de Santa Maria. Na época ainda não havia sido construído o passeio e a balaustrada que caracterizam hoje o local. De relação à avenida que lhe dá acesso, nem pensar. No local, só casas e mais casas. Claro que tiveram ser demolidas para que a Avenida 7 de Setembro chegasse até aqui (1912/1916).
Mas esta foto tem muito mais coisas para revelar. Primeira delas, a já existente mansão onde hoje funciona o Hospital Espanhol na ponta do Morro do Gavazza. Destacamo-la:

Igualmente, pedimos aos nossos eleitores observar que o Farol da Barra está todo branco, diferentemente de hoje quando é listrado de preto e branco. Ainda século XIX.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

UM POVO QUE PENSA QUE ESTÁ NA PRAIA

É difícil ver a Praia do Porto da Barra como mostra a foto acima – sem uma pessoa sequer. Parece mais aquelas praias do exterior que, às vezes se vê em raras fotos- 10º de temperatura ambiente; 5º a temperatura da água. Praia de pinguim. Mas é ela mesma em foto rara, como que virgem. Em poucos dias, passada a frente fria que está sobre Salvador, ela retornará ao “status” normal, tomada de gente de todas as naturezas, e os espaços que eram de areia serão tomados pelos guardas-sol multicoloridos. Em baixo deles estará um povo que pensa que está na praia. Não está! Está num pedaço de areia.

UM GRANDE BURACO NO CAIS DO FORTE SANTA MARIA

É conhecido o provérbio, “conversa puxa conversa”. Pois bem, na postagem anterior, focalizamos o cais que se prolonga em um dos lados do Forte Santa Maria (direito), olhando-o da avenida. Descobriu-se que antigamente era um ancoradouro destinado a proteger pequenas embarcações ali existentes. Uma marina. A primeira delas em toda a Bahia. Por razões que se desconhece, em algum tempo, tiraram a parte que lhe dava o formato em V e as embarcações que ficavam protegidas no ancoradouro, ou foram para a terra ou se destinaram para poitas no mar aberto, sujeito às intempéries. Restou apenas a extensão que se projeta cerca de 50 metros para o mar, bem como se encostou o paredão ao forte, passando sobre a praia. Na oportunidade, fizeram-se duas escadas na sua extremidade para melhor acesso dos usuários ao mar, a exceção daqueles que preferem saltar em mergulhos acrobáticos. Houve um tempo atrás que até colocaram um trampolim para aumentar a performance. Deve ter havido algum acidente, porque logo em seguida, foi retirado. Pois bem, esse pequeno promontório de concreto, apresentou um buraco próximo às escadas que, desprezado ao longo tempo, alarga-se a cada dia com o avanço do mar sobre ele. Claro que se não for concertado, poderá comprometê-lo.
  • As setas indicadoras da extensão do buraco sinalizam o seu aumento gradual.
  • Outro problema. A exceção da garotada que acessa o “promontório” com rara facilidade, o povo de um modo geral, os turistas, não tem como alcançá-lo,desde que não existe uma escada de acesso.
  • Talvez também devesse se instalar uma proteção tubular, a mesma usada pelos navios com vistas à segurança das pessoas. Certamente, as mesmas pessoas que foram contra a mudança dos passeios, serão contra a proteção, mas ela é quase obrigatória em casos tais. Pode causar um acidente, se é que já não causou.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A PRIMEIRA MARINA DE SALVADOR – PORTO DA BARRA

Desde muito tempo, quando o Porto da Barra ainda não era a praia badalada de hoje, século XIX, não existia o cais que hoje avança a partir do Forte de Santa Maria como veremos adiante.


Vamos ver como era antigamente, aí entre o século XVIII e XIX ou até antes:

Vê-se o forte e entre ele e o inicio da borda do mar há um espaço de areia. Ai, então, começa como um que um pequeno quebra-mar em V na direção da praia em frente. Não nos parece uma formação natural de rochas marinhas como se vê à direita, dispersas entre si. Sem dúvida que no caso, houve intervenção da mão do homem. Talvez já houvesse um pequeno prolongamento natural de rochas marinhas, mas a curva que ele dá para formar o V, sem dúvida nenhuma, foi causada pela intervenção humana. A foto adiante, detalha a construção:

Por outro lado, percebem-se pequenos pontos entre claro e escuro, que indica serem pequenas embarcações, o que nos leva a pensar num ancoradouro para elas, ou seja, a primeira marina de Salvador. Não é incrível? Inédito sem dúvida que o é. 

. Ainda na praia e ainda no mar, a poucos metros do ancoradouro descoberto pela pesquisa, há de se destacar a ponte de madeira avançando cerca de 50 a 70 metros para fora da praia. Claramente foi destinada para receber barcos de maior calado, usados no abastecimento da cidade. Ela passa por cima da praia e alcança a rua das casas. Sim! Rua das Casas, desde que não havia ainda a avenida que hoje passa pelo local, muito menos a balaustrada que lhe é própria, nem o passeio que tanta celeuma causou. Há de se reparar o seu formato. Tem umas 20 ou 30 delas, todas do mesmo estilo, parede com parede. Eram casas siamesas, podemos assim dizer. A parede de uma também era a parede da outra e assim sucessivamente. Outro detalhe dessa foto que chamamos a atenção é o morro à esquerda. É o Morro do Gavazza. Presentemente, neste morro está a parte mais antiga do Hospital Espanhol, inicialmente instalado no casarão que vemos adiante:
Isto aconteceu por volta de 1900, mas a mansão é anterior a essa data. Diz-se que teria sido construída na século XVII. Há diversos indícios disto.

domingo, 20 de maio de 2012

BAIRRO DA FEDERAÇÃO – ALTO DO GANTOIS

Em postagem anterior quando focalizamos o bairro do Garcia, tomamos conhecimento de que todo o espaço onde é hoje a localidade, era uma grande fazenda. Resumidamente, foi dito que ela tinha inicio na Rua Presciliano Pita; seguia até o Campo Grande; passava pelo final do Cemitério dos Alemães; ia em direção à Federação até o 2º Arco, Estrada 2 de Julho, Rio Lucaia, passando pelo Dique até o local conhecido como Língua de Vaca. Esse mundão de terreno pertencia ao Conde Garcia D’Ávila, como de resto a maior parte de Salvador. Após a conquista de muitas terras e em se tornando difícil a sua administração, o conde começou a vender ou doar muitas delas. No caso da fazenda – a parte correspondente ao atual Garcia, por tabela, chegou às mãos da família Catharino, primeiramente com uma doação ao Mosteiro de São Bento e daí para o Coronel Duarte da Costa que a vendeu aos Catharinos. O restante, principalmente a parte que ficava do lado da Federação, teria sido vendida ao Conde François Gantois. É o que se conclui pelo nome original do bairro (Alto do Gantois) onde veio a se estabelecer a senhora Maria Escolástica, Mãe Menininha do Gantois.
O terreiro IIê Iya Nassô do qual Menininha do Gantois foi a mais importante dirigente, teve inicio na Barroquinha, no centro da cidade. Chamava-se Casa Branca. Devido à proximidade do Palácio de sua Real Majestade e com receio de intervenções policiais, resolveu mudar-se para a Federação em terras pertencentes à família Gantois. Mas porque justamente Federação se os Gantois são citados como escravocatas às vezes de forma pejorativa quando, em verdade, àquela época, era um negócio regularizado provocado pela necessidade da maioria das famílias possuírem pessoas que fizessem quase a totalidade dos serviços de uma propriedade. Era quase “proibido” trabalhar nessas funções. Em termos, a bem da verdade, não eram os Gantois, os Marbacks e tantos outros os únicos e exclusivos escravocatas. A sociedade como um todo também o era. Na antiga Grécia, os trabalhos manuais, principalmente os pesados, eram rejeitados pelos cidadãos gregos. O grande filósofo grego Platão demonstrou esta visão: “É próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. Logo, os cidadãos gregos valorizavam apenas as atividades intelectuais, artísticas e políticas. Os trabalhos nos campos, nas minas de minérios, nas olarias , na construção civil e mesmo domésticos, por exemplo, eram executados por escravos. Essa mentalidade se estendeu até bem próximo do século XX. Felizmente, hoje em dia, o trabalho é tido como uma atividade honrosa, sendo escravos de si mesmo as pessoas dominadas pela inoperância. A razão principal da mudança do terreiro para o Gantois deveu-se ao fato de que, justamente ali, com visível aquiescência dos proprietários, já existia uma comunidade de escravos praticamente libertos, constituindo verdadeiro kilombo. Por exemplo, a sede do Terreiro do Gantois, é remanescente daquela época.
Está também  na Federação uma das igrejas mais famosas de Salvador pelo seu sincretismo. Diz-se que Mãe Menininha do Gantois costumava assistir as missas todos os domingos. Era muito bem recebida pelos padres. Referimo-nos a Igreja de São Lázaro.

Também na Federação fica a Ireja de São Braz:
A Federação se caracteriza por um “monopólio” da comunicação. Nela estão localizadas as sedes de diversas emissoras de rádio e televisão. Ali se abriga além das sedes do IRDEB e da TV Aratu, a Rádio Transamérica,a TV Bandeirante.

Na área também funcionam faculdades. Uma delas, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas ocupa o prédio onde funcionou as Ursulinas, aliás, um prédio de rara beleza. Um grande solar.


INTERIOR

sexta-feira, 18 de maio de 2012

BAIRRO DO GARCIA SURPREENDE A TODOS

Na postagem anterior vimos que o bairro do Canela originou-se de uma fazenda que pertencia ao senhor Pereira Aguiar. Vimos também que grande parte da Graça era constituída de fazendas e sítios, principalmente ao longo da atual Rua Euclides da Cunha. 

 Porque isto, desde que do outro lado, norte da cidade, a cidade se compactava muito antes, como foram os casos de Santo Antônio Além do Carmo, Barbalho e Lapinha?

 A explicação está no fato de que a porta de Santa Catharina que protegia a área norte da cidade, abriu-se bem antes do que a porta de Santa Luzia localizada na altura da Praça Castro Alves. Enquanto aquela abriu-se por volta de 1551, a de Santa Luzia permaneceu fechada até 1570 ou um pouco mais.

 Existiria uma explicação plausível para esta diferença? Possivelmente!Temos esclarecido que as atividades comerciais da Salvador antiga concentravam-se entre a Praça da Sé, Pelourinho, Taboão e Pilar. As igrejas também ficaram nessa redondeza. Este fato (proximidade do local de trabalho e segurança que as Igrejas proporcionavam) provocou a ocupação imediata de grande parte da encosta que vai de Santo Antônio Além do Carmo até Lapinha. O que havia de espaço foi ocupado e já por volta de 1700 era um grande conglomerado.

 E porquê da demora da abertura da porta sul? Principalmente por questões de segurança. Desse lado, vivia a maioria dos índios. Sempre causavam certo receio e quando as relações melnorararam, as concessões de terra eram dificeis e demoradas. Em conseqüência o desenvolvimento urbano foi excessivamente lento e quando se fez aconteceu pelas bordas do morro, nas proximidades do mar. A única exceção que se pode apontar talvez seja a Graça ,memmo assim até onde hoje se acha o largo, Av. Princesa Leopoldina, por ai. Adiante em direção leste, praticamente, tudo era mato por longo tempo. O Garcia de hoje era um desses locais. Existia no local uma grande fazenda pertencente aos Garcia D'Ávila. 

Passada a febre de expansão, a família começou a vender os espaços adquiridos ou até mesmo doando-os. Possivelmente a sua manutenção se tornara um estorvo administrativo. Foi o caso da Fazenda Garcia doada ao Mosteiro de São Bento; daí para o Coronel Duarte da Costs e desse vendida para a família Catharino. Hoje pertence à Dona Úrsula Catharino O bairro nasceu na Rua Preciliano Pita. Seguia até o Campo Grande; passava pelo final do Cemitério dos Alemães; ia em direção à Federação, chegando no 2º Arco, Estrada 2 de Julho, Rio Lucaia, passando pelo Dique, até o local conhecido como Língua de Vaca.

 DESTAQUES DO BAIRRO

O primeiro deles é o solar acima. Foi residência do 8º Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha Brito, último vice-rei do Brasil. Dom Marcos foi governador da Capitania da Bahia de 1810 a 1817. Quando se transferiu para o Rio de Janeiro em 1818 foi morar em outro casarão, especialmente construído para ele. O grande detalhe desse fato é que esse casarão foi custeado pelos trapicheiros de Salvador. Verdade! Rolava grandes interesses financeiros, principalmente a isenção de impostos de importação que eram ínfimos naquela época ou quase não existiam. O homem poderia ajudar e muito. Era o vice-rei do Brasil.

 Pelo visto, a "coisa" já vem de longe. Em 1918 a mansão foi tombada. Mesmo assim, foi comprada pela missão presbiteriana americana tendo a frente o pastor Peter Garret Baker e sua esposa a professora Irene Hight Backer. Fundou-se o Colégio 2 de Julho. O segundo destaque do Garcia também é um colégio, aliás, um grande colégio: Antônio Vieira, mais conhecido como "O Vieira".

Com um século de atividades, o Colégio Antônio Vieira é uma obra da Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola, no século XVI, conhecida por seu trabalho missionário e educacional e cujos princípios inspiram as ações desenvolvidas, hoje, em diversos países. Sua fundação, em 15 de março de 1911, é parte das realizações empreendidas pela missão jesuíta que desembarcou em Salvador no início do século XX. Para patrono, o Colégio homenageou Antônio Vieira, famoso padre jesuíta que viveu entre 1608 e 1697, legando à cultura brasileira mais de 700 cartas e 200 sermões, impressos entre 1679 e 1696, dentre outras obras.


Claro que não poderíamos deixar passar a oportunidade de registrar um desses sermões - Primeiro Remédio: o Tempo: “Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sábiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.” 

O terceiro  grande destaque é a igreja de Santa Dorotéia.

A Capela Sagrada Família da Cúria Bom Pastor, também conhecida como Igreja de Santa Dorotéia. No local funciona hoje a Arquiodocese de Salvador. Antes foi um asilo chamado Conde Pereira Marinho e o Colégio das Irmãs Dorotéias.

Santa Dorotéia nasceu em Cesaréia da Capadócia. Seus pais foram martirizados. De educação esmerada, aliava à riqueza invejáveis dotes e sumamente bela. A jovem vivia em jejum e oração. O governador Fabrício havia recebido ordens do imperador para exterminar todos os cristãos religiosos. Denunciada ela foi uma das primeiras vítimas, apesar de não aparecer muito em público, era considerada uma verdadeira apóstola de Cristo, pelas atividades que desenvolvia junto aos cristãos. Foi intimada, perante o governador, a oferecer sacrifício aos deuses. Movida pela ousadia, ela confessou sua fé destemidamente. Fabrício irritado ordenou que fosse estendida no cavalete, esbofeteando-a. Vendo que ela continuava a manifestar a sua alegria, formulou a sentença: "Ordenamos que Dorotéia, jovem repleta de orgulho, que recusou sacrificar aos deuses imortais e conservar assim a sua vida, desejosa de morrer por um homem chamado Jesus Cristo, morra à espada." Por último um destaque inusitado ligado ao Carnaval. Todos os anos desde 1940 sai às ruas do centro da cidade a chamada MUDANÇA DO GARCIA.Inicialmente chamava-se ARRANCA TOCO. Em 1950 virou FAXINA DO GARCIA, pois quando passava levava todo mundo, Quem ficava em casa caia na faxina, pois a poeira das ruas de barro invadia as casas. Nove anos depois, com o calçamento das ruas, a Mudança do Garcia recebeu seu nome definitivo. O bloco foi fundado por músicos da PM.

. Não é surpreendente o bairro do Garcia? Demais!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

BAIRRO DO CANELA – UMA HISTÓRIA DE FAZENDAS E MANSÕES

Diversos sites consultados, dão conta que o Canela já foi uma fazenda e que até próximo aos anos 40 do século passado, ainda se via gado pastando em seu espaço e que o mesmo pertencia ao senhor Pereira Aguiar.
 Ai a curiosidade do pesquisador veio à tona: primeiramente de relação ao senhor Pereira Aguiar. Quem teria sido? Claro que um senhor de terras como se dizia antigamente, mas de resto não há nenhuma outra referência, a não ser dados sobre a sua família, absolutamente particulares. 
Buscando a historia do local e cercanias, sabe-se que o Vale do Canela e o Chame-Chame pertenciam a Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Capitania da Baia de Todos os Santos. Em conseqüência, possivelmente o senhor Pereira Aguiar teria herdado de seu provável parente este pedaço de Salvador. 
Talvez seja imprudente a referida suspeita, contudo há outra situação de propriedade ainda em Salvador, na Barra, envolvendo um dos Pereira que pode fortalecer a hipótese levantada. Referimo-nos à Fábrica de Xales Victória, localizada onde é hoje o Yacht Clube da Bahia. Neste caso, também um Pereira era proprietário do imóvel. Referimo-nos ao senhor Alberto Alves Pereira. E neste caso, estamos nos referindo ao “coração” de propriedade do senhor Francisco Pereira Coutinho. Complementando, esta negociação se realizou em 26 de abril de 1935.
 Ainda de relação às fazendas existentes no Canela, uma delas pertencente ao Sr. Pereira Aguiar, vale acrescentar que toda a cercania do Canela, especialmente Graça – sim Graça – era constituída de pequenas fazendas e sítios. Praticamente, a Graça de luxo só ia até o Largo da Graça, Rua da Graça, Princesa Leopoldina, por ai. De resto, a atual Rua Euclides da Cunha até esquina com a Rua Padre Feijó, era toda verde, inclusive o sitio pertencente à família Rego que foi comprado para a construção do Estádio Arthur Morais – Campo da Graça.
 O estádio Artur Moraes, mais conhecido como Campo da Graça, foi inaugurado em 1920. Ali, a antiga assistência ensaiou seus primeiros gritos de incentivo aos times até que a expressão ‘torcida’ se consolidou como referência do público.
O primeiro grande campeão foi o Ypiranga, sucedido pelo Bahia. Mas será mesmo que o Canela era todo “fazenda” ainda em 1940? Não era! No final da Rua Padre Feijó, já próximo ao Campo Grande, era todo ocupado por grandes e sensacionais mansões. Possivelmente uma delas deveria pertencer ao senhor Pereira Aguiar. Duas outras pertenceram às famílias Maia e Silva. Hoje, todo este espaço está ocupado por uma série de clínicas e edifícios.

Uma pena, mas alguns dizem ter sido  em prol do progresso da cidade. Temos a nossa dúvida.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARENA FONTE NOVA ENTRA PARA A HISTORIA DE SALVADOR

Milhares de baianos estão aguardando com ansiedade o dia que terão acesso às dependências da Arena Fonte Nova. O velho estádio transformara-se num monumento esportivo digno de nossa cidade e das tradições de nosso futebol.

Um gigante de rara beleza. Um mutante. Transforma-se magicamente. De dia é esta beleza:

Adere-se aos Orixás que lhe estão próximos e absorve a energia que emana deles. À noite, ilumina as águas que lhes contornam numa simbiose extraordinária de duas representações monumentais:

Parece uma coroa monumental. Não há domínio de uma coisa sobre outra, muito pelo contrário, há uma homogeneizada mesmo sendo componentes tão diversos. E esse dia vai chegar com as graças de "Todos os Santos da Bahia":

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ATÉ QUE ENFIM – NOVO PORTO DE SALVADOR

Este blog, por inúmeras vezes, fez referência ao atual Porto de Salvador. Sempre citou que o local foi mau escolhido, inclusive tecnicamente. O local é raso; tem o Forte de são Marcelo bem em frente. Praticamente, os armazéns 1,2 e 3 não funcionam como deviam. Por outro lado, tomam a frente do mar, fato que originou a expressão “Salvador virou as costas para o mar”. Logo, é com satisfação que podemos anunciar que a coisa vai começar a mudar. Fazendo parte das obras do PAC, do Governo Federal, será construído um novo Terminal para passageiros, justamente no espaço que hoje ocupa os armazéns 1 e 2 que serão demolidos.

 Mas a população não pode ficar totalmente satisfeita, desde que continuam os demais armazéns, 3 ao 9, terríveis, “embaçadores” de uma vista maravilhosa de Baia de Todos os Santos. Não é incrível? Temos a maior e a mais bela baia do Brasil e a escondemos aos olhos dos que aqui residem ou nos visitam.- Mas é um só um pedacinho, dirão alguns.- Não é não. Podem reparar: o mar só é de novo visto em São Joaquim, assim mesmo em meio àquela mixórdia de uma feira horrível que alguns teimam em enaltecer, Em seguida se fecha de novo a visão da baía com a Rua Barão de Cotegipe e prossegue por toda a Avenida Luiz Tarquinio. Apenas e tão somente mostra-se aos nossos olhos na Boa Viagem. Daí torna-se bela no alto da Rua Rio São Francisco, mesmo assim, com muitas interrupções. Só após o Bonfim, descendo as ladeiras em torno, voltamos a tomar contato com ela.
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