quinta-feira, 26 de abril de 2012

A SALVADOR QUE OS PREFEITOS VÃO ENCONTRAR

Aproximam-se as eleições para Prefeito da cidade. Diversos candidatos anunciam a participação. Precisamos estudá-los com calma. Para nós tanto faz que seja do PT, do PSDB ou do DEM. Analisamos outras referências. Por exemplo, se conhecem bem a cidade. Sim! É preciso conhecer a cidade como um todo desde os bairros nobres onde a maioria deve morar até os lugares mais recônditos. Não é que seja necessário morar neles ou a ir a eles com freqüência, mas conhecer suas necessidades básicas que se obtêm através da leitura de teses, de jornais, de blogs como este que tratam a cidade e fazem sugestões.
À respeito, lembramo-nos de um debate na TV de candidatos à Prefeitura de Salvador. Um deles falava de seus planos de ajuda à comunidades mais pobres e citou Alto das Pedrinhas. Nesse momento, um candidato adversário perguntou ao colega onde ficava o Alto das Pedrinhas. O homem não sabia. Olhou para os lados à procura de um assessor.- Excelência não fique olhando para os lados à procura de ajuda. É mais digno o senhor dizer que não sabe do que consultar alguém de seu staf. Todos aqui presentes e os telespectadores já sabem que o senhor não conhece a cidade e não está preparado para dirigi-la.
 
Reconhecemos que a Cidade de Salvador é muito complexa. Construída em dois níveis, tem um diferencial muito grande. A Cidade Alta já possui uma boa estrutura. É bem organizada e está se tornando muito bonita e elegante. Já a Cidade Baixa é uma lástima. Está virando uma grande favela. Pelo menos 80% dela já é uma favela. É um grande problema. Não era assim. Aí pelos idos dos anos 40/50 a Península de Itapagipe, por exemplo, era até glamorosa. O governador veraneava no Solar dos Marback e o arcebispo no Convento da Penha. Passavam meses descansando. Iam desde dezembro e ficavam até março do ano seguinte. A população ia atrás. Centenas de famílias moradoras fixas da Cidade Alta, alugavam as casas dos residentes e não se pensava outra coisa senão pescar, velejar, nadar, jogar bola e, evidentemente, participar das festas que se realizavam nesse período com grandes pompas. Com o tempo, esses veranistas construíram suas próprias residências muitas delas, verdadeiros mansões. Formava-se um grande balneário que se fosse mantido até hoje, seria uma referência mundial.
 
Na época a Prefeitura construiu um cais de proteção que ia da Ribeira até o Porto da Lenha, formando grandes avenidas à beira mar. Pecou, entretanto, ao deixar desprotegido o Porto dos Mastros – Avenida Domingos Rabelo. Foi por ai que os invasores “construíram” os Alagados, tomando do mar um milhão de metros quadrados.
 
 
O traço amarelo indica o cais que foi construído desde a Ribeira até o Porto da Lenha. Não foi mais, por “burrice”. Poderia ter contornado a Ponta do Bonfim, conhecido como Estaleiro do Bonfim; alcançar a Pedra Furada e sair nas imediações da Boa Viagem. O traço vermelho indica a Avenida Domingos Rabelo, mais conhecida como Porto dos Mastros. Começa no Largo do Papagaio e termina no princípio dos Tainheiros, já na Ribeira. O traço azul mostra a área que era só mar e mangue e que se transformou no “famoso” Alagados. Foram mais de um milhão de metros quadrados tomado do mar, ou seja, da natureza. O grande pecado dessa obra foi deixar desprotegido o Porto dos Mastros. Por ai aconteceu a invasão. Hoje se pergunta porquê não fizeream um cais também no Porto dos Mastros. Por mais incrível que pareça, era a área mais nobre daqueles lados. Tinha grandes residências, todas com a frente voltada para o mar e os fundos para a atual Rua Visconde de Caravelas. Temos as nossas desconfianças. Haveremos de comentá-las. Resultado: os veranistas foram embora deixando para trás suas residências, abandonando-as ou vendendo-as a preço de banana. Muitas ainda estão lá, caindo aos pedaços e os maiores exemplos são os solares Amado Bahia na Ribeira e Marback no Bonfim (neste veraneava o governador) . E agora? Existiria uma forma de recuperação? Claro que não se pensa em retornar àquele patamar. Não há como! Nem mesmo seria no local da grande invasão. Foi muito forte. O mar ficou a quase quinhentos metros de distância. Seria bem antes, mas isto trataremos numa série de postagens. Se os leitores desse blog tiverem alguma idéia (sempre têm), por favor mande seus e-mails.

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