segunda-feira, 30 de abril de 2012

SUGESTÕES AO NOVO PREFEITO – 4ª PARTE- VIA CONTORNO DA RIBEIRA

  • O mar dos Tainheiros da Ribeira começou a ser invadido aí pelos anos 40 do século passado. Tudo começou no bairro do Uruguai e foi uma invasão oficial, poderíamos assim dizer, desde que foi a própria Prefeitura a autora do feito. Itapagipe havia sido nomeada (península) aterro sanitário de Salvador. Durante muito tempo, caminhões e mais caminhões, talvez até mesmo carroças, despejaram milhões de toneladas de lixo ali perto dos Mares, a começar no hoje cinhecido bairro do Uruguai e em prosseguimento Jardim Cruzeiro, Bairro Machado e Maçaranduba, localidades que só foram consolidadas por volta de 1950.

  • Três anos mais tarde, foi a vez dos Alagados do Porto dos Mastros. Dessa maneira, há que se registrar que o mar beirava todo esse espaço. Os pescadores da região, os conhecidos “tainheiros”, tinham o ancoradouro de suas canoas e catraias nas proximidades. Moravam perto, possivelmente em palafitas sobre o mar. Esta particularidade não pode ser confundida com o movimento popular denominado “Alagados”. Este foi um processo executado por milhares de pessoas e realizado mediante um plano previamente preparado por trabalhadores das indústrias e seus líderes, trabalhadores estes que não tinham moradia fixa– Itapagipe também fora nomeada Pólo Industrial de Salvador.

  • E teria parado o avanço do mar? Não parou. Continua paulatinamente e se não for contido, em alguns anos, os dois lados vão se aproximar perigosamente. Referimo-nos a área do Lobato no subúrbio e a Ribeira. Vai restar apenas um canal ao centro por onde poderá ainda circular a frota das escunas existentes na área. Até quando? E há como conter esse crime ambiental dos mais graves? Há. A Prefeitura tem que construir um cais e na sequência uma avenida, contornando todos os espaços acima citados, mais ou menos o que foi feito na Avenida Beira Mar. É quase uma obrigação!
  • O traço vermelho indica a extensão do cais que vai desde a Ribeira até o Porto da Lenha. O traço amarelo, mostra como seria a via “contorno da Ribeira” ou “contorno das naus”, desde a própria Ribeira, seguindo em direção à Ilha do Medo, Lobato, Plataforma. Os traços azuis, uma possível ponte ligando o subúrbio à Penha dentro do projeto da Via Náutica.

SUGESTÕES AO NOVO PREFEITO – 3ª PARTE

Na primeira postagem dessa série, referimo-nos ao cais que se fez nos idos de 1920/30, talvez até um pouco antes, desde a Ribeira até o Porto da Lenha. Com a sua construção, surgiu a Avenida Beira Mar. Os Tainheiros já existiam. Na oportunidade, comentamos que este cais deveria ter começo no Porto dos Mastros na altura do Largo do Papagaio, bem como teria que ser prolongado até o Estaleiro do Bonfim, ligando-o a localidade de Pedra Furada, do outro lado do morro do Bonfim.
 
Para que tenhamos uma ideia do problema que esta falha causou, quem chega ao final da Pedra Furada, não tem como passar para o outro lado – Estaleiro do Bonfim – e vice-versa, apesar de separado por poucos metros, senão retornando à Rua Rio São Francisco, aproximar-se do Bonfim e descer pela Rua Rio Negro, encostada ao Hospital da Sagrada Família.

Acima uma imagem do local com a sinalização daquelas referências que estamos falando: Av. Beira Mar em traço vermelho; Porto da Lenha. Estaleiro do Bonfim, Pedra Furada, Igreja do Bonfim, Ponta do Humaitá e, em azul, o espaço não aproveitado. Mas vamos ao que interessa hoje. O ano passado a Prefeitura anunciou a desapropriação de todos os imóveis entre a Rua Barão de Cotegipe e Av. Luiz Tarquínio. Seria feita uma via litorânea com a qualificação dos prédios e muitas outras coisas rendosas. A imprensa até publicou a área a ser desapropriada. É o que se vê abaixo:(Traços vermelhos). Atinge desde o Canta Galo até a Boa Viagem, junto ao Forte de Monte Serrat. Abrange toda Rua Barão de Cotegipe, passa por Roma e alcança a Av. Luiz Tarquinio. até proximidades do Forte de Monte Serrat.
A medida causou uma enorme polêmica. A área que seria desapropriada, além de residências, possui intenso comércio, principalmente na Rua Barão de Cotegipe. São uma centena de empresas, pequenas, médias e grandes. Tem até uma Faculdade onde era a Fratelli Vita. Emprega muita gente. Causaria sérios problemas econômico/sociais. Parece que houve recuo por parte da Prefeitura. Ainda não é certo! Imaginem o que seja um individuo com seu comércio faturando, comércio este às vezes instituído há 10, 20 anos e, de repente, vem a Prefeitura e acaba com tudo. Vamos à outra situação: o pobre cidadão reside no local desde que nasceu. Já está aposentado. Mora com ele a esposa, filhos casados e netos. Aquele aglomerado muito comum que se vê na constituição das famílias mais pobres. Os mais jovens, a maioria está desempregada. De repente, ficam sem casa. Pensem caros leitores, que situação calamitosa a esta altura da vida. É o caso dos antigos operários da Vila Operária da Fábrica Luiz Tarquínio. Ainda moram por lá mais de cinquenta famílias. Para onde vai esse pessoal? Para uma favela, é claro. Se não tem mais lugar, invade o mar como antes aconteceu. Se derrubarem a palafita, faz-se outra mais adiante e assim a cidade vai se transformando num mar de favelas. É o que temos nos Alagados – um mar de favelas. É evidente o interesse da Prefeitura quando teve a coragem de tentar desapropriar este pedaço. Beneficiaria o setor imobiliário com um espaço à beira-mar, Salvador como vista; o mar como moldura, o vento como refresco d’alma e dos corpos. Uma tranquilidade! Salvador nos parece ser a única cidade no Brasil que acontece coisas tais. Lembramo-nos do caso das Barracas de Praia. Tinham umas quatrocentas Dava às nossas praias uma característica muita própria dessa parte do Brasil. Feita de pau e palha de coqueiro ou licuri. Tem em todas as praias do nordeste. Eram um oásis em meio à caloria intensa que a nossas praias proporcionam. Empregava milhares de pessoas. E de uma hora para outra derrubaram todas elas. Dizem que foi o Ministério Público. Até hoje não se sabe os verdadeiros motivos. Falam em falta de higiene, de desorganização geral, de poluição ambiental. Tudo bem! Mas vejam, todos os motivos pensados e imaginados, poderiam ser equacionados, até mesmo o ambiental, retirando apenas àquelas mais ofensivas ao meio ambiente. E o desemprego que causou? No caso das casas desapropriadas as famílias sempre dão um jeitinho favelado, mas de relação aos milhares desempregados, uma boa parte vai para o mundo do crime, aumentando as estatísticas desse setor. A outra parte o que fez? Comprou um guarda-sol, ou melhor, pegou um que sobrou da antiga barraca; adquiriu um isopor, uma cadeira também “sobrada” e se instalou no mesmo lugar onde era a barraca e adjacências. Virou um caos. Em vez de duas ou três barracas num determinado lugar, agora são dezenas de “barraquinhas” de guarda-sol e isopor. Um espetáculo deprimente.
Inicialmente, apareceram uns toldos que nem este mostrado acima; depois desapareceram. Teriam sido proibidos. Tentaram então o guarda-sol e o isopor. Deixaram! Quando não são comerciantes que levam seus isopores para comercializar bebidas na praia, é o próprio banhista que carrega o seu na cabeça, como fez Lula em seu último veraneio na Praia de Inema:

Por outro lado, assim ou assado, tinha sempre um pequeno sanitário para as necessidades repentinas dos banhistas, bem como um ponto de água. Agora tudo é feito no mar. É brincadeira. Vai ter “submarino” por todos os lados. Êpa! Como nos distanciamos do que víamos falando, mas era preciso. Não se poderia perder as oportunidades que a mente nos dá. Fomos navegando por aí. O que estamos propondo, ou melhor, sugerindo, pelo amor de Deus, é a continuidade da Avenida Beira Mar até o Estaleiro e daí até a Pedra Furada. Este acesso à Pedra Furada vai dinamizar o local. Poder-se-ia até alargar a Rua da Constelação que tem apenas 3 a 4 metros de largura. Far-se-ia um novo cais. Alargar-se-ia a rua. Existe até uma ideia revolucionária de fazer ali uma praia pelo sistema de dragagem náutica como aconteceu com as formações de praia surgidas na Avenida Beira Mar. Nada de criar facilidades para o sistema imobiliário como ficou evidente no projeto de desapropriação citado acima. Por outro lado, ali é um morro e, segundo os gabaritos da cidade, não se pode construir nada mais alto que ele. Poderá haver alguma valorização imobiliária, mas dentro de uma situação absolutamente normal, sem os artifícios conhecidos. Os próprios moradores e comerciantes seriam os beneficiados. O local realmente precisa de uma providência desse porte. Ali tem uma série de restaurantes como o da Tia Maria – excelente comida – Você desce a ladeira e é difícil até manobrar lá embaixo. A saída poderá ser feita numa subida antes do quartel militar que ali existe

sábado, 28 de abril de 2012

SUGESTÕES AO NOVO PREFEITO- 2ª PARTE

Fomos observados que é ainda muito cedo para que se apresente sugestões ao novo Prefeito que vem por ai. Achamos que não! Estamos entrando no mês de maio, o que significa que estamos a seis meses da eleição. Os homens têm que preparar as suas plataformas de governo, pensar como vai dirigir a cidade e sem um projeto bem preparado, haverão de fracassar.

Antes mesmo da escolha dos seus principais auxiliares, terá que consultar muita gente ligada a diversos setores da cidade. Por exemplo, os líderes comunitários. Por que não se fazer um contato com cada um deles e anotar as maiores dificuldades de cada lugar. É esta gente, que sabe o que o seu povo precisa; que a comunidade necessita. De modo que tem muito trabalho a se realizar nesse pouco tempo para não ficar como uma “barata tonta”, já em meio do governo. E, gente, tem muita coisa. Não vamos entrar nessa de que são necessários mais postos de saúde, etc. Isto é básico. É obrigação de cada um deles.

Desde que nos entendemos, a cidade é carente e agora com o aumento impressionante da população, maior é a necessidade. Queremos nos ater mais a estrutura da cidade. Ela precisa ser melhorada. Na abertura desta seção há dias atrás, dissemos que a disparidade existente entre as duas cidades, Alta e  Baixa, enfatizamos que se faz necessário maiores investimentos nessa segunda que está caindo aos pedaços. Não é d’agora que isto acontece. Desde os tempos do Império e mais adiante na República, tratava-se a Cidade Baixa como um lixo e tanto isso é verdade que, nos anos 40 do século passado, Itapagipe, por exemplo, foi nomeada “Aterro Sanitário” de Salvador principalmente para os lados do Uruguai. Depois virou “Pólo Industrial” o que não sabemos se é pior ou melhor do que o primeiro. Ambos são terríveis! Retroagindo mais no tempo, num certo período, ainda na época do Império, foi baixado um decreto determinando que a população jogasse o lixo na cidade baixa, em qualquer lugar. Imaginamos como era, por exemplo, no Corredor da Vitória, onde todas as casas do lado direito tinham os fundos voltados para o mar. O lixo deveria cair no mar e as correntezas ali existentes de muita força levava esse lixo para a Praia do Porto e do Farol, Rio Vermelho, por aí. Quando não era o lixo, a maioria das casas próximas aos rios que cortavam a cidade canalizava os seus detritos para cada um deles e esses, por sua vez, jogavam no mar. Muita gente ainda deve se recordar da “saída” de uma “boca de lobo” que existia na Praia do Farol, na altura onde é hoje o Hotel Pascoal, próximo ao Cristo. A força daquela horrível mistura de água e lixo provocava uma depressão na praia de cerca de 1 metro de profundidade e se abria em V em direção ao mar. A areia em torno num raio de 50 metros, era preta. Hoje é o paraíso dos surfistas, mas antes, quem se aventurasse, poderia se contaminar. Pior ainda, nas marés cheias, o esgoto não podendo correr para o mar, corria pela lateral da praia formando como que um canal fétido. Os barraqueiros trabalhavam cruzando por ele. A foto abaixo é impressionante. Era assin mesmo! Praticamente, todo o bairro do Uruguai foi aterrado com lixo e mesmo os Alagados de Itapagipe, inicialmente, teve o mesmo destino. Só muito posteriormente, complementaram com a areia sugada da Ponta da Penha, processo pelo qual fez surgir diversas praias na Avenida Beira Mar em razão das modificações sofridas pelo eco-sistema da região.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

VIA NÁUTICA – 1ª SUGESTÃO AO NOVO PREFEITO

Uma das coisas mais insólitas que existe no mundo político, a exceção da corrupção que assola e assusta o País, é a descontinuidade das obras deixadas por governos que se encerram. Os novos dirigentes, geralmente, as desprezam. Na Bahia, especialmente em Salvador, tem dois grandes exemplos: O Metrô e a Via Náutica..
 
A construção daquele já se arrasta por longos 12 anos. Programado para medir 16 quilômetros de extensão, foi reduzido para 6,5 quilômetror, ou seja, foi cortado em 40%.  Um metrô 16 quilômetros já não é grande coisa; imagine apenas 6,5 quilômetros. É um mini-metrô, um metrô “brotinho”, “o único no mundo”, essas coisas que o povo gosta de inventar como que extravasando o que lhe vai na cabeça. Metrô F.P. dirão os mais exaltados. Já eu diria “metrô de fachada”. Porquê? Quando se fez o corte, a parte escolhida foi a mais escondida, ou seja, aquela lá para os lados de Pirajá na Estrada Salvador-Feira. Desenvolveram o setor do Bonocô, dentro da cidade, mas o feitiço virou contra o feiticeiro. Como a obra não foi concluída, serviu de chacota pela população.
 
 Para se ter uma idéia do problema, os fabricantes dos trens já os entregaram à Prefeitura e já foi esgotado o prazo de garantia. Tiveram que recorrer à fabrica que concedeu mais algum tempo, igualmente vencido. Agora, vão ter que pagar revisão e outros procedimentos. É assim que o nosso dinheiro vai escapando pelo ralo da irresponsabilidade.
 
Apesar da gravidade do caso, mas em razão da envolvência de inúmeros políticos e de verbas federais, vamos nos deter mais no caso da via Náutica, também no setor de transporte de massa. Apropriadamente, tratamos desse assunto numa postagem datada de 23 de dezembro de 2009 com o titulo “Revitalização da Cidade Baixa- 4”. “A título de curiosidade do que mesmo de esperança, reproduzimos adiante detalhes do projeto da Via Náutica: Serão criadas seis estações: Barra – Gamboa (Solar do Unhão) – Porto de Salvador – Humaitá- Bonfim e Ribeira (Penha). Está sendo prevista uma movimentação de um milhão de passageiros/ ano. São grandes as opções de negócios: 1) operação da linha hidroviária. 2) exploração dos armazéns do Porto / complexo cultural e de lazer náutico. 3) exploração dos terminais e cruzeiros marítimos. 4) obras de urbanização e infra-estrutura das estações. 5) obras de concessão para exploração de centros gastronômicos integrados ao circuito. Mas enquanto isto não vem, vamos analisar o que poderá ser feito, independente da Via Náutica. Há um projeto magnífico de aproveitamento dos primeiros armazéns do Porto que seriam desativados. Vejamos o mesmo:
Decorridos mais de 10 anos, não temos a chamada “Via Náutica” e o pior de tudo é que uma das estações foi construída e inaugurada, a da Ponta do Humaitá. Gastaram simplesmente 800 milhões de reais. Sem dúvida alguma, este projeto traria desenvolvimento para a Cidade Baixa. É espetacular. Quem conhece o seu percurso, haverá de concordar com nosso entusiasmo. Já sai de um lugar belíssimo que é o nosso Porto da Barra; passa pelo Iate Clube, o grande clube de Salvador: Percorre toda a baixada da Vitória, Solar do Unhão, Marina da Contorno, Escola de Aprendizes de Marinhiro, Alfândega, Forte de São Marcelo e chega na segunda estação no atual Porto, mas já com novas edificações. É difícil encontrar algo no mundo com tanta beleza. Daí parte para a Ponta do Humaitá já na península. Num acréscimo ao projeto, já colocaram mais uma estação no Canal da Penha, possivelmente com uma ponte ligando Plataforma a Ribeira, integrando o Subúrbio Ferroviário à Salvador. Quando teremos isto vai depender do novo prefeito. É uma excelente idéia. Tomara que ele leia.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A SALVADOR QUE OS PREFEITOS VÃO ENCONTRAR

Aproximam-se as eleições para Prefeito da cidade. Diversos candidatos anunciam a participação. Precisamos estudá-los com calma. Para nós tanto faz que seja do PT, do PSDB ou do DEM. Analisamos outras referências. Por exemplo, se conhecem bem a cidade. Sim! É preciso conhecer a cidade como um todo desde os bairros nobres onde a maioria deve morar até os lugares mais recônditos. Não é que seja necessário morar neles ou a ir a eles com freqüência, mas conhecer suas necessidades básicas que se obtêm através da leitura de teses, de jornais, de blogs como este que tratam a cidade e fazem sugestões.
À respeito, lembramo-nos de um debate na TV de candidatos à Prefeitura de Salvador. Um deles falava de seus planos de ajuda à comunidades mais pobres e citou Alto das Pedrinhas. Nesse momento, um candidato adversário perguntou ao colega onde ficava o Alto das Pedrinhas. O homem não sabia. Olhou para os lados à procura de um assessor.- Excelência não fique olhando para os lados à procura de ajuda. É mais digno o senhor dizer que não sabe do que consultar alguém de seu staf. Todos aqui presentes e os telespectadores já sabem que o senhor não conhece a cidade e não está preparado para dirigi-la.
 
Reconhecemos que a Cidade de Salvador é muito complexa. Construída em dois níveis, tem um diferencial muito grande. A Cidade Alta já possui uma boa estrutura. É bem organizada e está se tornando muito bonita e elegante. Já a Cidade Baixa é uma lástima. Está virando uma grande favela. Pelo menos 80% dela já é uma favela. É um grande problema. Não era assim. Aí pelos idos dos anos 40/50 a Península de Itapagipe, por exemplo, era até glamorosa. O governador veraneava no Solar dos Marback e o arcebispo no Convento da Penha. Passavam meses descansando. Iam desde dezembro e ficavam até março do ano seguinte. A população ia atrás. Centenas de famílias moradoras fixas da Cidade Alta, alugavam as casas dos residentes e não se pensava outra coisa senão pescar, velejar, nadar, jogar bola e, evidentemente, participar das festas que se realizavam nesse período com grandes pompas. Com o tempo, esses veranistas construíram suas próprias residências muitas delas, verdadeiros mansões. Formava-se um grande balneário que se fosse mantido até hoje, seria uma referência mundial.
 
Na época a Prefeitura construiu um cais de proteção que ia da Ribeira até o Porto da Lenha, formando grandes avenidas à beira mar. Pecou, entretanto, ao deixar desprotegido o Porto dos Mastros – Avenida Domingos Rabelo. Foi por ai que os invasores “construíram” os Alagados, tomando do mar um milhão de metros quadrados.
 
 
O traço amarelo indica o cais que foi construído desde a Ribeira até o Porto da Lenha. Não foi mais, por “burrice”. Poderia ter contornado a Ponta do Bonfim, conhecido como Estaleiro do Bonfim; alcançar a Pedra Furada e sair nas imediações da Boa Viagem. O traço vermelho indica a Avenida Domingos Rabelo, mais conhecida como Porto dos Mastros. Começa no Largo do Papagaio e termina no princípio dos Tainheiros, já na Ribeira. O traço azul mostra a área que era só mar e mangue e que se transformou no “famoso” Alagados. Foram mais de um milhão de metros quadrados tomado do mar, ou seja, da natureza. O grande pecado dessa obra foi deixar desprotegido o Porto dos Mastros. Por ai aconteceu a invasão. Hoje se pergunta porquê não fizeream um cais também no Porto dos Mastros. Por mais incrível que pareça, era a área mais nobre daqueles lados. Tinha grandes residências, todas com a frente voltada para o mar e os fundos para a atual Rua Visconde de Caravelas. Temos as nossas desconfianças. Haveremos de comentá-las. Resultado: os veranistas foram embora deixando para trás suas residências, abandonando-as ou vendendo-as a preço de banana. Muitas ainda estão lá, caindo aos pedaços e os maiores exemplos são os solares Amado Bahia na Ribeira e Marback no Bonfim (neste veraneava o governador) . E agora? Existiria uma forma de recuperação? Claro que não se pensa em retornar àquele patamar. Não há como! Nem mesmo seria no local da grande invasão. Foi muito forte. O mar ficou a quase quinhentos metros de distância. Seria bem antes, mas isto trataremos numa série de postagens. Se os leitores desse blog tiverem alguma idéia (sempre têm), por favor mande seus e-mails.

PLANO INCLINADO GONÇALVES – UM SUFÕCO

Em 2011 este blog tratou do Plano Inclinado Gonçalves. Já tinha sido feito matérias sobre o Elevador Lacerda e o Elevador do Taboão. Diziamos naquela oportunidade: “ A cidade de Salvador possui uma topografia ingreme que marcou a história de sua ocupação territorial desde os tempos do Brasil Colônia. À principaio, foram feitas as ladeiras. A primeira delas fazia a ligação entre Santo Antônio Além do Carmo e a Praia da Jequitaia, onde se localizou por algum tempo, a Feira de Água de Meninos...Por ela subiam as mercadorias provindas do Porto da Lenha e, praticamente, não havia comunicação entre a Jequitaia e a área onde é hoje o Porto de Salvador.”

  Hoje fazemos uma ressalva, qual seja a construção de um acesso ligando a atual Praça Castro Alves à Enseada da Preguiça, onde se construiu uma pequena ermida, dando origem a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, mas era apenas um pequno acesso, possivelmente um caminho.
 
 Estamos nos referindo à hoje Ladeira da Conceição da Praia e da própria Ladeira da Preguiça. Ladeira mesmo, mais ou menos dentro dos conceitos que hoje temos dessas inclinações do solo, foi mesmo a Ladeira da Jequitaia.

Enquanto isto, a cidade se estruturava com novos prédios tanto na cidade alta como na baixa, notadamente conventos e igrejas na parte de cima, e edifícios de comércio na parte de baixo. Por outro lado, , as ladeiras se efetivaram, mas o acesso de materiais pesados à parte alta da cidade precisava de algo mais rápido e dinâmico. Afora, as pessoas.
 
  Foi ai que os padres jesuitas tomaram a iniciativa e montaram um guindaste conhecido na época como “Guindaste dos Padres”. Decorria o século XVII. Não era inclinado. Somente em 1889 foi transformado em “plano inclinado”. Esses guindastes usavam alavancas com cabos. Depois foram eletrificados. Vejamos algumas descrições de cronistas da época:. Um deles, Pierre de Leval descreveu esses guindastes como sendo “uma máquina destinada ao transporte de cargas com dois carrinhos sobre trilhos a trafegar simultaneamente”. Outro de nome Francisco Coreal disse: “espécie de guindaste com uma boa talha onde haviam polias e cordas subindo à medida que a outra descia”. Isto funcionou até o ano de 1888. Nesse ano, uma empresa inglesa sem experiência no setor de funiculares – sistema de transporte cuja tração é proporcionada por cabos utilizados em locais onde há grandes diferenças de nível – recebia uma encomenda dos primeiros carros, constando de uma plataforma plana destinada a transportar animais de cargas. Era uma plataforma aberta. Só mais tarde, foi encomendada uma cabine fechada para transporte exclusivo de passageiros. Na época chamava-se “chariot”. Nada funcionou. Dinheiro jogado fora. Teve até acidentes. Foi fechado por algum tempo. Como agora. Aliás, retifico, fechado desde fevereiro de 2011, quase quatorze meses. Os técnicos alegam que há perigo de desabamento de um prédio ao lado. Se o plano continuasse funcionando comprometeria a estrutura do imóvel. Ai a coisa se complica. Pensava-se que o “plano” estivesse quebrado. Não está, ao que parece. Claro que precisa de uma pintura, mas é coisa rápida. O problema é com um prédio ao lado do “chariot”. Se ele se movimentar, o prédio pode cair. Aí a coisa se complica. Negociações com o dono do prédio. A Prefeitura não quer dar nada ou o que está oferecendo, não compensa. Essas coisas de prédio velho. As vezes, ninguém sabe quem é o dono. Ou ele se esconde. Deve ser fonte de rendimento. Salas alugadas. Todo o mundo correndo o risco de morrer. Coisas da Bahia ou seria de qualquer parte.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

ONDINA DESOCUPADA MAS DESARRUMADA

Nas proximidades do Carnaval passado, aconteceu uma manifestação popular denominada “ DESOCUPA” ou ‘DESOCUPA SALVADOR”. A primeira delas ou a mais importante ocorreu em frente à Praça de Ondina que havia sido ocupada por uma camarote do Carnaval. – Circuito Barra-Ondina. Tomou toda a praça, não sobrando nem a praia. Quem quisesse chegar até ela, teria que dar uma volta pelas pedras à esquerda e outras trilhas. Ficou perigosa, desde que isolada. Quando acabou o Carnaval, este camarote foi o último a ser desarmado, possivelmente em razão de seu tamanho. Foram necessários vários guindastes para desmontar o monstro. Obrigatoriamente, os seus responsáveis teriam que entregar a praça como era antes. Tal não aconteceu. A praça está sem nenhum banco como era antes. Pensamos que tinham levado as peças de assento. Não levaram, estavam lá, mas de cabeça para baixo no maior descaso. Vamos conferir:

sexta-feira, 13 de abril de 2012

SALVADOR DEU AS COSTAS PARA O MAR

Em postagem anterior vimos as origens de Itapuâ. Seus coqueiros. O significado de seu nome. A quem pertencia e muitas outras coisas. Faltou dizer como se desenvolveu.

Diferentemente da Pituba onde um dos proprietários de terras no local - Manoel Dias da Silva – resolveu lotear todo aquele espaço, resultando num certo ordenamento, Itapuã não teve a mesma sorte। Cresceu por si mesmo, pelo menos do Largo de Itapuã para a esquerda, em direção ao cento de Salvador, desde que, desse ponto para a direita, se construiu as ruas das letras até o farol, com razoável ordenamento, mas com um grande pecado। O mar ficou escondido। É aquela velha história de que Salvador “deu as costas para o mar”। As ruas K-L-R, sei lá,como eram chamadas, dos Artistas, etc. esconderam para si o mar. Quem quiser vê-lo, tem que penetrar por essas ruas – diga-se de passagem – estreitas, caminhar cerca de 200 a 300 metros e ai, sim, vê o mar.

Não é assim até o Largo de Itapuâ. A estrada que lhe dá acesso corre ao longo da praia, absolutamente livre. Dizem que é assim, porque foi feita inicialmente pelos americanos, criando mais um acesso para o aeroporto militar do tempo de guerra. Quase se confirma essa premissa quando se constata que o conjunto dos aeronáuticos construído em Itapuâ quase ao mesmo tempo, está localizado do outro lado da pista. Todos desfrutam daquela brisa, residentes e passantes.

O que se vê em Itapuã é como que uma tendência aliada a uma permissibilidade dos poderes constituídos, de encobrir o mar, não somente prejudicando a beleza da cidade, bem como a prejudicando no que se refere a ventilação dos seus espaços. Isso vem acontecendo à séculos como vamos mostrar



Temos que nos reportar praticamente ao principio do crescimento da cidade para a sua parte baixa. Como se sabe, Salvador se desenvolveu primeiro na parte superior (alta), desde a Praça Municipal até Santo Antônio Além do Carmo, quando se abriu a porta de Santa Catharina ao norte. Da vez da abertura da porta de Santa Luzia, ao sul, cresceu para os lados São Bento, São Pedro, etc...Em baixo, onde é hoje o Comércio, até Pilar, quase toda Avenida Jequitaia, Água de Meninos e São Joaquim o mar batia nas bordas do morro. Vejam este painel que está instalado na Companhia de Navegação da Bahia no Comércio.


Apesar de ser uma criação artística, define bem como era a Cidade Baixa antigamente.


Ai vieram os aterros do Comércio, realizados a partir de 1777 com extensão até 1801; desse último ano até 1860 e daí até 1894, culminando com o a construção do porto de Salvador entre 1909/1912.


Muitos haverão de arguir que o Porto de Salvador tinha que ser construído. A cidade precisava. Claro! Mas não no lugar que o foi. Era e ainda é um lugar raso. Ali em frente está o Forte de São Marcelo, montado sobre uma coroa de rochas e areia.Caro que essa topografia se estende por todos os lados. Além de ser um lugar rigorosamente raso, dificultava as operações de manobra dos navios. Ainda dificulta e como, dado às dimensões dos grandes navios. Os três primeiros armazéns praticamente não funcionam pela baixa profundidade do local. Mais ou menos por ai.

Em verdade, o Porto tinha que ser construído à partir do Cais do Ouro em direção a Água  de Meninos, como agora está acontecendo na sua ampliação e não se pensa e não se faz na paralela da avenida. São projeções para fora do mar. Se assim fosse pensado, não se destruiria uma das maravilhas daquela época: o Cais das Amarras.


E o Porto de Salvador trouxe realmente progresso para nossa cidade? Não trouxe ao tempo de sua construção.Ainda hoje, dizem que é deficitário. Tempos atrás, escrevemos a postagem seguinte:

PORTO DE SALVADOR - CONSEQUÊNCIAS DE SUA INSTALAÇÃO- 2

A inauguração do porto de Salvador mudou toda uma ordem sócio-econômica de uma cidade e o seu próprio destino. Durante quase todo o século XVIII, a capital baiana era considerada uma cidade cosmopolita, dentro dos padrões da época. Chegou a ser tida como uma potência no Hemisfério Sul.

Fileiras de prédios maravilhosos foram sacrificados. Ali pulsava a Bahia econômica. Eram mercados e trapiches que movimentavam a economia de uma cidade. Bancos, escritórios de importadoras, escritórios de advocacia, seguradoras, davam o apoio logístico.

Não se diria que, de uma hora para a outra, a coisa mudou, desde que a idéia do porto vinha se arrastando desde 1584. Haveria de chegar um momento que ele seria construído, mas a esperança dos trapicheiros era que isto não ocorresse e lutaram muito para adiar essa concretização.

Sabiam eles que no bojo do projeto do porto havia uma condicionante desastrosa para os seus interesses, qual seja, a cobrança de taxas alfandegárias que se dizia seriam na ordem de 40%. Para quem não pagava nada, esse percentual representava uma pá de cal em cima do sistema econômico então existente.

Uma das bandeiras dos que eram contra a construção do porto e a cobrança das taxas aduaneiras, era de que as mesmas foram pensadas com vistas a beneficiar os estados do sul que começavam a se industrializar. Com a diminuição das importações e até mesmo quase a sua supressão, as indústrias instaladas a partir do Rio de Janeiro e São Paulo, haveriam de prosperar quase repentinamente com o crescimento do mercado interno.

Faz-se então o porto. A modernidade, a acessibilidade, a cobrança das taxas aduaneiras eram em verdade, a grande finalidade do novo equipamento? Muitos setores diziam que não. Os objetivos eram outros. Envolvia interesses internacionais. Dizia-se que o porto de Salvador fora construído para assegurar o abastecimento de água potável, descanso ou reparo aos navios a caminho do Oceano Pacífico, o chamado Caminho das Índias. O interesse seria mais de terceiros do que da própria cidade.

Por exemplo, a nível de exportação teve importância apenas razoável com relação ao açúcar, o couro e a madeira. Durou pouco tempo! O açúcar que era básico teve seu ciclo encerrado. Restou apenas o tal “Caminho das Índias”, mas por azar, esse também terminou quando se abriu o Canal do Panamá, tornando-se inviável o Porto de Salvador para os navios que aqui vinham se abastecer. Só um e outro! Lá era mais conveniente, porque mais perto de diversos destinos.

Outro ponto um tanto quanto discutível da construção do Porto de Salvador onde efetivamente ocorreu, foi o câmbio da navegação à vela pela navegação a vapor. Os trapiches acabaram. Os saveiros ficaram sem função. Todo o recôncavo baiano sofreu na carne. As cidades em torno, estacionaram economicamente. As ilhas também. O bairro do Comércio perdeu a atmosfera internacional que possuía.

Diz-se que a Cidade de Salvador deu as costas para o mar, o que é verdade. Isso tem a ver com as cargas e o ambiente social. Havia um passível ambiental. O porto era um lugar imundo. Era comum jogar no mar restos de cargas avariadas de alimentos. Crescia a população de ratos. No campo social, a atividade portuária era exclusivamente masculina. Isto incentivou a criação de prostíbulos nas proximidades. Virou “barra pesada” associado ao submundo de crimes, drogas e contrabando. Por outro lado, a topografia da cidade agravou a divisão, contribuindo não só para separar os dois setores da cidade, mas para sujar ainda mais a parte baixa da mesma.

Os shopping centers antigos eram locais de encontro social e feiras ao ar livre. Vitrine para a modernidade, mostravam desde as tendências de moda de Paris e as notícias do Velho Mundo, até as especiarias, alimentos e produtos manufaturados. A Colônia via no comércio mercantilista uma porta de entrada para o progresso, fruto das grandes transformações socioeconômicas pelas quais passava; industrialização, expansão demográfica e reformas urbanas.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A CORRUPÇÃO DESDE O TEMPO DE TOMÉ DE SOUZA

O Brasil todo está como que horrorizado com os acontecimentos em Brasilia. Um senador da República, dos mais respeitáveis até então, é denunciado por corrupção braba. Quando as primeiras notícias saíram na imprensa, o mesmo foi a Tribuna para, indignado, protestar contra as “inverdades” que se diziam a seu respeito. Tinha que fazer isto! Na oportunidade, mereceu apartes de mais de duas dezenas de colegas de todos os partidos, (situação e oposição).

Acompanhamos a cena pela televisão em transmissão direta. O homem teve que escrever num papel a ordem pela qual cada senador iria falar... “senador fulano de tal, Vossa Excelência tem a palavra” e o colega senador protestava contra aquela calúnia. Obrigado, Excelência. Tem a palavra, fulano de tal e por aí foi quase toda a tarde. O homem ultrapassou o seu tempo de fala na ordem de 300% com a aquiescência da Presidência da mesa, quebrando o regimento da casa. Afinal de contas, o homem merecia. Sempre foi uma figura impoluta. Não era possível!

Aí, no dia seguinte, a Policia Federal publicou as conversas telefônicas que o mais correto dos senadores até então havia mantido com um contraventor que já se encontra preso. Incrível! O homem era mesmo culpado.

No dia seguinte, ligamos de novo a TV Senado para vermos a reação dos mesmos senadores, daquelas figuras que se solidarizaram com o homem e, surpresa, ninguém se pronunciou à respeito. Parece que até evitaram ir ao senado naquele dia. Devem ter ficado em seus apartamentos funcionais (porquê funcionais?) pensando (o que?).

Mas o que tem haver este blog com o fato? Não estaríamos saindo da finalidade pela qual foi criado? Achamos que não, desde que todos os segmentos da sociedade foram atingidos pelos respingos dessa sujeira. Por outro lado, cria também a oportunidade de citarmos que esta coisa de corrupção já vem do tempo de Tomé de Souza, da Bahia antiga de que estamos tratando na composição da história de Salvador.

Mas isto são favas contadas... desde o tempo do império...; sempre foi assim...etc. etc. mas não. Também não se pode dizer que haja novidades. O fato é absolutamente concreto, verdadeiro, mas pouco comentado ou convenientemente esquecido, passado por cima.

Vamos a ele: Conta-se que na comitiva de Tomé de Souza teria vindo Garcia De Ávila, seu filho. Inicialmente, o pai o nomeara para um cargo na Alfândega, sem remuneração. Posteriormente, lhe teria dado um boi e uma vaca, bem como um pedaço de terra para os lados de Itapagipe, onde ele pudesse criar seus animais.


Até aí tudo bem. Posteriormente, o filho pediu mais alguma coisa. Foram-lhe concedidas duas léguas de terra para os lados de Itapuã. Nada de mais ainda. Mais adiante, Tomé de Souza concedeu-lhe uma Sesmaria que ia de Itapuã até a hoje Praia do Forte.
 

Daí em diante, com esforços próprios, Garcia de Ávila estendeu a posse de terras até o Maranhão, segundo se diz, formando o maior latifúndio do Hemisfério Sul, quiçá do mundo.

Mas onde está a corrupção? Nas concessões, desde a vaca e o boi, mais os currais de Itapagipe até a Sesmaria de Itapuâ até Praia do Forte. Mas por quê? Um pai não poderia ajudar ao filho? Todo pai faz isto! Acontece, porém, que, existia uma lei na época (lei do Império) que pessoas do goveno não podiam fazer concessões de nenhum tipo à parentes próximos, e Garcia de Ávila era filho de Tomé de Souza. Será?. Efetivamente o era, mas os dois negavam o parentesco. Ele nunca foi meu filho, dizia Tomé de Souza. Já Garcia de Ávila afirmava que Tomé de Souza nunca foi seu pai.
 
Há algo de mais corrupto e inaceitável do que uma negação dessa órdem?
 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

É SEMPRE BOM VOLTAR À PEDRA FURADA

Pedra Furada em Humaitá é um lugar diferente. Tem mar, mas não tem praia, mas praia de verdade com muita areia e permanente. Há um espaço bem estreito que de boa vontade parece uma praia, mas rigorosamente não é, pelo menos segura e permanente e tanto isso é verdade que se podem notar canoas na areia. Devem ter sido ali colocadas na maré cheia. Nos dias de maré alta (Luas Cheia e Nova), ela desaparece. Só o seu cais secular segura o impacto do mar. Ele tem 1 metro de largura por 3 de altura. È o único ainda existente em Salvador. Não tem nenhuma beleza estética; quem o construiu só pensou na segurança do local. Fez-lhe forte, robusto, sem nenhum floreio, a fim de suportar a força da maré que ao seu tempo devia ser maior do que é hoje.

Sabe-se que andaram bulindo ao eco-sistema de grande parte da península com a dragagem de areia para aterrar 1 milhão de metros cúbicos dos Alagados. Em determinadas áreas formaram-se novas praias com o acentuado recuo do mar. Talvez a "prainha” que se vê numa das suas extremidades, seja conseqüência desse reboliço.
 
A maré quando está de enchente, bate no cais secular. Quando está de vazia, descobre uma floresta de corais e pedras de até 300 metros de extensão para fora. É um fenômeno que acontece em diversas localidades da Baía de Todos os Santos, inclusive Pedra Furada.
 
Em postagem feita a dois anos atrás, esclarecemos por que Pedra Furada tem esse nome. Há um aqüífero na parte mais elevada do local. Sua água desce até uma determinada formação de pedras e sai por uma das suas partes.
Não sabemos se intencionalmente ou não, alguém colocou um pedaço de cano plástico para facilitar a saída da água a ser apanhada. Ficou parecendo o órgão sexual masculino. Até as formações de pedras, lembram as coxas de um homem sentado. Sem tirar nem por!
 
Deixando isto de lado, hoje Pedra Furada ficou famosa pelos seus restaurantes, todos servindo siri bóia como entrada e em seguida peixes, polvos e camarões. Os localizados na ladeira proporcionam uma vista maravilhosa da Ponta do Humaitá. Não quer isto dizer que são os melhores gastronomicamente. Tem umas surpresas lá embaixo. Por exemplo, o Restaurante da Tia Maria, junto ao cais serve um bolinho de bacalhau divino, além dos clássicos siris. Por sua vez a sua moqueca de peixe é perfeita. Numa das paredes do modesto estabelecimento ela ostenta os elogios que já recebeu da imprensa e de órgãos públicos.
 
Também, além da comida, Dona Maria tem uma simpatia extraordinária. Melhora a coisa. É só olhar para seu retrato.
 

domingo, 1 de abril de 2012

O AZUL DOS MARES


No mês passado (março), fomos surpreendidos com a pintura da famosa Igreja dos Mares. De verde. A foto não nos deixa mentir. Foi por acaso. Tiramos de dentro do carro em meio ao trânsito, daí os defeitos que ela apresenta, mas deu para registrar a cor da tinta que pintavam a referida igreja. No dia seguinte a imprensa registrou também o fato, igualmente surpresa.
 
Hoje, ao passar pelo largo fomos conferir o final da obra. Mas, surpresa. Desistiram do verde. Fizeram algo mais digno.


Graças a Deus pintaram-na de um cinza azulado, da cor dos mares.