sábado, 6 de agosto de 2011

RIO VERMELH0 – CRESCIMENTO DE SALVADOR PELO LITORAL

Não resta a menor dúvida que Salvador teve começo na Barra onde em 1536 desembarcou Francisco Pereira Coutinho, nomeado donatário dessas terras pelo rei D. João III, com vistas ao povoamento do local, posse efetiva, segurança contra invasores, desenvolvimento enfim.

Já a esse tempo andava pelo local Diogo Álvares Correia, o Caramuru, que em 1510 naufragou nas costas do Rio Vermelho e foi acolhido pelos índios Tupinambás por obra e graça divinas, desde que os demais companheiros de viagem teriam sido devorados pelos silvícolas Essa história é contada séculos depois (1781) em versos camonianos pelo padre agostiniano José de Santa Rita Durão . Daí para frente virou “verdade histórica” e tem-se a impressão ao longo dos anos que tudo é realmente verdadeiro. Não é!



Contudo, na realidade não passa de uma epopéia medíocre, conforme o escritor Sergius Gonzaga que escreveu o que segue:

“Uma Epopéia Medíocre
Caramuru é o elogio do trabalho de colonização e de catequese do europeu, especialmente da ação civilizadora do português. Mesmo não sendo padre, Diogo Álvares está interessado em conduzir o índio ao caminho do cristianismo. Este é o seu principal objetivo. Inexiste em Santa Rita Durão aquela fascinante ambigüidade com que Basílio da Gama trata o relacionamento entre brancos e nativos. Seu poema, além de monótono, é banal.

Trata-se de uma epopéia anacrônica, escrita por alguém que, vivendo longe do Brasil desde a infância, armazena toda a bibliografia existente a respeito de sua terra. Ele quer conferir ao Caramuru uma atmosfera fidedigna e objetiva, o que infelizmente não consegue.

E mesmo que os seus índios sejam retratados de forma um pouco mais realista que os de Basílio da Gama, há ainda na sua visão um pesado tributo aos preconceitos da época. A descrição da "doce Paraguaçu", por exemplo, contraria todo o princípio da realidade fisionômica e da cor dos indígenas. Ela é sem dúvida uma moça branca:

Paraguaçu gentil (tal nome teve),
Bem diversa de gente tão nojosa,
De cor tão alva como a branca neve,
E donde não é neve, era de rosa;
O nariz natural, boca mui breve,
Olhos de bela luz, testa espaçosa.”

Tudo isto veio à tona para desmistificar outra “verdade histórica” de que Salvador teria tido começo no Rio Vermelho onde já havia um aglomerado humano, um povoado, sintetizando, através do qual a cidade se desenvolveu, inclusive a Vila Pereira. Tudo porque Diogo Álvares Correia teria chegado primeiro do que Pereira Coutinho.


Dentro desse raciocínio, haveria de se creditar o feito a Gaspar de Lemos, por exemplo, que aqui esteve entre 1501/1502 juntamente com Américo Vespucio; de Gonçalo Coelho entre 1503/1504; do francês Binot Paulmier de Gonneville em 1505 negociando pau-brasil com os indígenas; pelo consórcio formado por Fernando de Noronha, Bartolomeu Marchionni, Benedito Moreli e Francisco Martins em 1511, também em missão comercial; de Fernão de Magalhães em 1514 numa viagem de circum-navegação a serviço da Coroa Espanhola; de Cristovão Jaques entre 1526/1528 quando surpreendeu os franceses carregando pau-brasil.

Todos eles desembarcaram na Praia do Porto, antes Porto da Vila Velha.

Decididamente, Rio Vermelho é o segundo povoado de Salvador e o crescimento da cidade via litoral se deu através dele.

Nota: Sobre Vila Pereira ou Povoação do Pereira e ainda Vila Velha, sugerimos acessarem a postagem desse blog datada de 30 de abril de 2010, titulada BARRA-PRAIA DO PORTO.

Como que dirimidas as dúvidas, o Rio Vermelho tem esse nome em razão de que antes de ser poluido, as suas águas eram avermelhadas, graças ao tipo de arenoso que formava grande parte do seu percurso. 

Rigorosamente, contudo, o Rio Vermelho é o Rio Lucaia, um dos braços do Rio Camurugipe que nasce no bairro Boa Vista de São Caetano.


Há uma versão de que o nome Rio Vermelho é devido a um tipo de flor que dava em suas margens, chamada “cambará”. Sua coloração vai do amarelo até o vermelho. Esse se destaca mais.

Também conhecido como: Cambará-miúdo; Cambará-de-cheiro; Cambarazinho; Cambará-verdadeiro; Camarazinho, Camará de cheiro, Camará verdadeiro e por ai vai.
 
Logo, portanto, estão certos os nomes camará e cambará.

A flor de Camará - Lindona!


 
 

 

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