sexta-feira, 29 de julho de 2011

CERTA SEMELHANÇA ENTRE OS RIOS DAS TRIPAS E DOS SEIXOS

Nas duas postagens anteriores, escrevemos sobre os bairros de Pernambués e Cabula, bairros estes bem no miolo da cidade de Salvador. Vimos que os mesmos são entrecortados por vários rios. Aliás, toda Salvador sempre foi beneficiada por diversos rios que ao longo do tempo, transformaram-se apenas em canais de esgoto, alguns deles correndo através de canalizações de concreto, isto é, em baixo da terra.

Vamos ver dois deles, com registros históricos centenários, mais precisamente, do princípio da Cidade de Salvador e, com uma semelhança curiosa. Referimo-nos ao Rio das Tripas e ao Rio dos Seixos.

O primeiro – Rio das Tripas – nasce nas encostas da Barroquinha e São Bento e o segundo – Rio dos Seixos – tem suas nascentes no bairro da Graça, mais precisamente na chamada Fonte de Nossa Senhora da Graça.

RIO DAS TRIPAS

Este rio já aparece em mapas datados de 1550





Pois bem! Ele foi canalizado em meados do século XVIII. No local surgiu a Rua da Vala, posteriormente Av. Dr. J. J. Seabra, atual Baixa dos Sapateiros. A obra se estendeu desde a Barroquinha até praticamente o Largo das 7 Portas. Posteriormente, em 1970 a antiga canalização foi substituída.

Ao que se sabe, não houve nenhuma reação popular contra essa canalização। O rio praticamente era um esgoto a céu aberto. Não havia como recuperá-lo.


RIO DOS SEIXOS
O Rio dos Seixos tem como primeiro registro histórico o mapa onde se mostra os limites da Vila Pereira, do donatário Francisco Pereira Coutinho. Ele é datado de 1536, antes da fundação da cidade de Salvador que foi em 1549.

O traço mais escuro marcando a “Povoação do Pereira” é o Rio dos Seixos.

Como já se disse, nasce no alto da Graça e despejava suas águas na Praia do Farol, próximo ao morro do Cristo, bem em frente à Rua Airosa Galvão. Despejava? Não despeja mais?

Não! Hoje o sistema está ligado ao emissário submarino que vai se esgotar no alto mar na altura do Rio Vermelho.



E como era o Rio dos Seixos? Vejamos uma foto bem antiga de suas margens antes da construção da Avenida Centenário:


Claro que dava peixe e camarão. À direita, vê-se uma pessoa sentada, possivelmente pescando de vara.


Aí se fez o túnel que liga o Dique do Tororó ao Chame-Chame e se construiu a atual Avenida Centenário entre 1959/1960 – Governo de Juracy Magalhães. Em conseqüência houve um “boom” imobiliário, tomando de assalto todo o Vale do Chame- Chame e entorno.

Na oportunidade, as laterais do Rio dos Seixos foram cimentadas, diminuindo a sua largura. Não tendo sido feito nenhum saneamento básico na área, os dejetos das residências em torno eram jogados no canal. Não era mais um rio. Inclusive, quando chovia, todo o Chame-Chame se inundava. Essa é a realidade!





Foi até pintado por Diógenes Rebouças Tem cerca de 1,5 km. de extensão. Seu nome significa Pedras Roladas. No dicionário a palavra “seixo” significa fragmento natural de rocha”. Em sendo no rio, naturalmente Pedras Roladas.





Da mesma forma como Rio das Tripas foi canalizado, igualmente o Rio dos Seixos o foi. Daí termos nos referido a uma "certa semelhança" contudo, enquanto se bateu palmas para a canalização do Rio das Tripas, a que foi feita na Avenida Centenário foi alvo até de teses em contrário. A imprensa foi quase unânime de que este caminho não foi o mais acertado.

E qual seria o caminho certo? Recuperar o rio? Que rio? Não existia mais rio! Eram seixos de detrito rolando em seu leito e até poucos anos atrás despejados na Praia do Farol. Até hoje, o local tem a areia preta.

Por outro lado, quando chovia, a Avenida Centenário virava uma lagoa desde o túnel do Tororó até a lateral do Shopping Barra. Quem mora no local, sabe disto. Hoje é uma área verde maravilhosa, que muitos consideram como a mais bela avenida de Salvador.

O resto é não querer reconhecer a realidade, bem como formar uma polêmica política desagravável e imprópria. Quando o General Juracy Magalhães fez a avenida ninguém reclamou. Foi ele que cimentou as laterais do rio, estreitando-o. O atual prefeito cobriu-o com placas de concreto. Em tempo: a obra além da beleza que proporcionou, fez o essencial-básico: o saneamento da região. . Poucos dão importância a esse detalhe. De resto são comentários de ordem política.

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