segunda-feira, 4 de julho de 2011

BARRIS – VALE DOS BARRIS

Parece não haver qualquer dúvida quanto à origem do nome Barris. Todas as referências dão conta de que as pessoas residentes nas proximidades, precisando de água para consumo, buscava-a no vale ali embaixo, onde ela era farta e de boa qualidade. Para tanto usavam barris.

O que se duvida é sobre a origem dessa água. A maioria acredita que ela provinha de fontes então existentes no vale, hoje ainda percebíveis em traços de umidade no piso da atual Estação da Lapa que fica localizada nessa área.

Saliente-se, por exemplo, que ali perto, na margem direita do Dique do Tororó – lado do Tororó – há vestígios de fontes, hoje desativadas (secas). Contrariamente, as do Vale dos Barris, estariam em atividade aqüífera, dando-se crédito a informação que o piso da estação sempre se encontra úmido, evidente sinal de água no sub-solo.

Outra corrente de opinião afirma que a água apanhada em barris, era proveniente das águas do Dique do Tororó que chegava até a parte baixa dos morros dos Barris e do Salete.

Nesse particular, sabe-se que a represagem (contenção) das águas do Rio Lucaia, afluente do Camurugipe, ocasionaram a formação de uma lagoa artificial que chegava a alcançar as 7 Portas de um lado; do outro, todo o atual Vale dos Barris e ainda se estendendo por um trecho da atual Avenida Vasco da Gama. Ela tinha 6 quilômetros de extensão contra um pouco mais de 1 quilômetro do atual espaço.

Nesse particular, transcrevemos um depoimento publicado na imprensa local:

“Para você ter uma idéia, até o século XIX, você podia tomar uma canoa na Concha Acústica e navegar até a Tribuna da Bahia (Rua Djalma Dutra), atravessar tudo que hoje é o Vale dos Barris, ingressar no que ainda resta de dique, Fonte Nova não havia, era o dique propriamente dito, até chegar lá, no sangradouro do dique. Quando se abriu, se cortou a meia encosta para fazer a ladeira dos Galés...”

É evidente que a referência à “Concha Acústica” entenda-se como que “na altura da Concha Acústica – na direção”.

Todo esse depoimento é importante, mas queremos destacar a referência “até o século XIX”. Por quê? As informações mais precisas que se tem é que a represagem aconteceu entre o Século XVII e XVIII para a defesa complementar dos limites de Salvador e o primeiro aterro ocorreu em 1810. Só o primeiro aterro.

Aquela versão de que o dique teria sido obra dos holandeses já não mais se sustenta. Se fosse o caso, a obra teria sido feita entre 1624 e 1626 quando aqui estiveram.

Mas não há provas materiais sobre isto diriam os mais exigentes. Igualmente, não há provas do outro lado, diríamos nós.

Contudo, eis que surge em nossas mãos uma preciosa foto do Dique do Tororó antigamente.

Começamos por destacar o número de saveiros circulando em suas águas ou parados nas suas margens. Oito ao todo. Isto indica uma intensa demanda, o que não acontece hoje em dia, quando apenas uma só embarcação ainda bóia em suas águas. Duas embarcações estão em movimento. A primeira se dirige ao terminal na outra margem onde estão ancorados diversos barcos. A segunda parece se dirigir para mais longe.

Mas isso não é o mais importante. Convidamos aos nossos leitores a observar às construções ao alto, à esquerda. Grandes prédios, o que não é comum nessa área, mesmo nos dias de hoje. Parecem prédios do centro da cidade, talvez Avenida Sete, talvez Campo Grande, talvez Salete.




A seta amarela indica o atual dique e as marcações azuis mostram a extensão do seu represamento.



Nos mapas as mesmas representações para uma melhor idéia do que se explana.

Como se escreveu, em 1810, começaram os aterros das águas estendidas do dique. Estenderam-se até o século XIX.
Muito provavelmente esses aterros foram feitos de barro e o único local onde era possível tirá-lo era a Fonte Nova, justamente na depressão onde se construiu o antigo estádio. Absolutamente lógico. Foi o “barreiro” do Dique. (1)

(1) Barreiros 1 e 2- De onde foram tirados o barro necessário para a construção das Avenidas dos Tainheiros e Beira e Mar em Itapagipe.

Não poderíamos encerrar essa matéria sem deixar de citar o nome do Marquês de Barbacena, Felisberto Caldeira Brand Pontes de Oliveira Horta. Mineiro de nascimento. Foi um militar que veio para a Bahia e aqui se estabeleceu. Em 1801 casou-se com D. Ana Constança Guilhermina de Castro Cardoso, filha do Coronel Antônio Cardoso dos Santos, um rico proprietário de terras.

Diz-se que os Barris era todo do conde. Em verdade, como se viu, era mais de Dona Constança com quem se casou.

Sobre a formação do bairro, diz-se que que foi ocupado pela nobreza baiana até a década de 1950. Tinha requisitos parecidos com Santo Antônio Além do Carmo. Ficava no alto e era próximo dos locais de trabalho. Essa mesma proximidade que facilitava as delícias de uma uma boa residência, contribuiu mais tarde para a invasão do bairro por todos os tipos de negócios, inclusive alguns de caráter duvidoso que nem aconteceu no Largo 2 de Julho.

A degradação não foi total porque no local se estabeleceram a Biblioteca Central dos Barris, o Instituto Nossa Senhora do Salete, o Instituto Nossa Senhora da Assunção, a Associação Baiana de Cegos, o Conselho Regional de Enfermagem, entre outras entidades. Mais recentemente se instalou em uma de suas ladeiras o Shopping Piedade.

A maioria dessas instituições aproveitaram o baixo preço dos antigos imóveis (casarões) praticamente abandonados pelos seus antigos moradores na sua maioria árabes, espanhóis e judeus.

Hoje é um bairro degradado e inseguro. À noite torna-se um problema de segurança pública.










Shopping Colonial - Interessante!
 


Estilo "Americano" - Anos 40 a 50


Ainda velhas construções - Anos 30
 

Um comentário:

  1. A foto q mostra o dique do tororó com os saveiros (barcos) acima vê-se predios q é do Amparo do tororó e sua igreja, ao centro uma escola Amélia Rodrigues q existe até os dias de hoje,hoje existem 3 saveiros q servem de travessia para moradores daquela localidade q preferem encurtar a distancia da vasco da gama, engenho velho de brotas rumo ao centro da cidade.

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