sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 15- PERIPERI


Entre todas as praias do Subúrbio Ferroviário a de Periperi é a menos “badalada”. Não é de agora. Sempre foi.
Temos a impressão que aquele gradeado de proteção da Leste Brasileiro contribui para essa impressão. É horrível! Isola a praia da cidade, inclusive a sua igreja que está abandonada.

Por outro lado, essa praia é das mais poluídas do subúrbio ferroviário por lixos domésticos e de hospitais (Caribé e clínicas Clisur e Praia Grande).

Em conseqüência, Periperi cresceu pelos espaços atrás da igreja e esta ficou de costas para  esses espaços. A rua da Estação tem apenas um corredor de casas pertencentes à operários da Leste Brasileiro. O resto foi crescendo até alcançar as partes mais elevadas do morro que lhe contorna. É muita gente, talvez algo em torno de trinta mil pessoas ou até mais.



Igreja de Periperi

Não era assim nos meados do século passado. Habitava-o poucos moradores e muitos veranistas. Não existia a Suburbana e seus limites ficavam aquém de onde hoje passa essa avenida.

Diz-se que a localidade se originou de uma fazenda existente na área pertencente ao Coronel Frederico Costa. Em verdade, não se sabe se realmente o homem era coronel mesmo, ou apenas tinha o título à base do costume naquela época de se chamar de “coronel” os senhores donos de terra.

As terras do Coronel Frederico Costa, mais tarde vieram a pertencer à família Visco. Na década de 50 este senhor e seu genro, Almáquio Vasconceloes, começaram a construir casas em seus espaços. O rendimento de sua venda e aluguel seria maior que os da fazenda. Quem também construiu algo substancial em Periperi foi o ex-vereador Castelo Branco. Fez o Colégio “Humberto de Alencar Castelo Branco” e o Colégio Comercial de Periperi.

Por esta razão, Castelo Branco tinha uma votação maciça nas duas ou três vezes em que se candidatou a vereador. Mas não foi só por isso que este político se elegeu vereador. Era muito simpático. Foi Presidente do Esporte Clube Periperi.


Escudo do Esporte Clube Periperi


Fazia grandes festas. A estação da Calçada se enchia de jovens nos dias de suas realizações, naturalmente sempre aos sábados. Rigorosamente ninguém era sócio, mas todo mundo entrava. Não ficava ninguém do lado de fora. E eram festas sensacionais com as melhores orquestras da Bahia e muitas vezes, apresentações de cantores famosos da época.

Também era intensa a atividade propriamente esportiva. No Campo do Periperi exibiram-se grandes jogadores de futebol daquele tempo com especial destaque para Zague, centroavante maravilhoso que foi contratado por um clube mexicano. Lá se casou e nunca mais voltou. Seu filho, mais tarde, integrou a seleção mexicana de futebol em uma Copa do Mundo. Os locutores com carinho chamavam-no de Zaguinho – o filho de Zague.

Castelo Branco também colaborou para o desenvolvimento da natação baiana. Patrocinou diversas provas de mar aberto, notadamente o percurso Periperi-Penha. Curiosamente, nunca se fez o percurso Penha-Periperi. Os nadadores vitoriosos ou não (todos afinal) logo após os seus triunfos voltavam na parte da tarde para receber suas medalhas. Se fazia uma festa dançante nesse turno. Ia até as 21 horas. O homem realmente gostava de festa.

De festa também gostava Orlando Campos, o criador do Trio Elétrico Tapajós. Decorria o ano de 1955, apenasmente 55 anos atrás. Foi um grande sucesso. Seu maior cantor foi Luiz Caldas.

Mas Orlando não se destacou somente por ter criado o Tapajós. Ele montou uma indústria de trios elétricos. A maioria dos Trios Elétricos que mais tarde surgiram foram feitos em suas oficinas.

Dentro desse ambiente de festas, de gente boa e alegre, de um povo feliz que não sabia que era, não poderia deixar de surgir uma das maiores referências do Carnaval Baiano. O Ara Ketu, tradicional bloco afro-brasileiro


Ara Ketu


Foi fundado em 8 de março de 1980, Dia Internacional da Mulher.
Mas o que significa ARA KETU há de se perguntar por aí? Nada mais, nada menos que POVO DE KETU. E Ketu onde fica? Na Nigéria, África.
E de onde vem hoje o Ara Ketu?
Periperi
Araketu
Composição: Paulo Diniz e Odibar
Cana de canavial
Dá licença de chegar
Eu vim de Periperi
Vim pra ver como é que é
O amor que existe aqui
Será que é como é
O amor de Periperi, é
Lá, não há distinção de cor
Lá, cada amigo é um irmão
Lá, galo canta é madrugada
Caminhante fez parada
Se apaixona pelo ar
Lá, vagalume enfeita as noites de amor
Lá, violeiro faz cantiga ao luar
Lá sussurrando pela estrada
Ficou minha namorada
Uma lágrima a rolar
Eu vim de Periperi

Há muitas referências sobre a presença de Jorge Amado em Periperi. Dizem que ele ia sempre em Periperi, inclusive que algumas de suas obras como “O capitão de longo curso” e “Baía de Todos os Santos” teriam sido inspiradas em Periperi. É provável e não era só Jorge Amado que ia à Periperi. Grande parte da juventude daqueles velhos tempos (décadas de 40/60) não saía de Periperi, como se costuma dizer. Se ia de trem, mas também se ia de barco ou de canoa. Os jovens de Itapagipe, por exemplo, aportavam sempre na localidade. Já se falou da juventude que comparecia às suas festas. Naturalmente que não só a localidade era atraente; suas jovens também encantavam-na.


Estação de Periperi

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 14 - COUTOS

A localidade Coutos se caracteriza hoje mais pelas suas encostas repletas de moradias com tijolos expostos do que mesmo de sua praia.

Deveria existir uma lei que obrigasse aos construtores dessas habitações a rebocar suas casas e pintá-las. Sem dúvida que teríamos um conjunto mais harmonioso dos morros de Salvador. Talvez nem chamássemos de favelas e sim de “presépios de morros” com uma expressão estética das mais significativas.

Alega-se que o “não acabamento” é de razão econômica. Não nos convence! Se a pessoa teve condição de erguer uma casa, às vezes até bater uma laje, também teria condições de pintá-la.

Se todos fizessem isto, o panorama da cidade seria outro. Deveria ser uma obrigação. Aliás, devia ter uma lei que obrigasse a pintura das casas e não deixá-las no tijolo exposto. Além do mais, a pintura e, conseqüentemente, o revestimento que lhe antecede, dão mais durabilidade ao imóvel, afora a auto-estima que isto oferece.
Alto de Coutos
Vamos mais além. Seria necessário que o poder público se antecipasse às construções indiscriminadas que por ai acontece. Não é proibi-las, desde que hoje é quase impossível. A sugestão seria criar um órgão de orientação habitacional com arquitetos e artistas para coordenar e orientar os moradores na expressão da construção de suas casas.

Permitir-se-ia a construção, mas ela seria planejada. Mais ou menos como se faz na Grécia. Lá, em muitas de suas ilhas, as casas são todas pintadas de branco. Isto, além de proporcionar um “visual” melhor, atende a uma circunstância técnica. As casas pintadas de branco refletem melhor a luz solar e diminui o calor interno.

Mas o senhor está aceitando e até incentivando a ocupação dos morros por favelas! Primeiro não tem mais jeito. Está tudo tomado! O bloco montanhoso que começa em Santo Antônio Além da Barra segue serpenteando Salvador até o Subúrbio Ferroviário. Na Vitória é aquele encantamento de lindos prédios. Tem a sua expressão artística para quem gosta e pode. Contudo, o espaço da favela se é irregular sob o ponto de vista de uma arquitetura ideologizada e oficial do urbanismo ideal, não deixa de existir um contexto arquitetônico como expressão de quem ali vive.


Uma das ilhas gregas

Há poucos dias, um estudante em reportagem publicada em um jornal da cidade dizia “que os morros de Salvador eram diferentes dos morros do Rio de Janeiro. Aqui, tem gente que estuda e se prepara para o futuro. Gente que olha para a cidade lá adiante e se imagina dominando-a. Gente que no Carnaval vai para o Farol da Barra e desfila atrás dos grandes Trios Elétricos que o mundo inteiro assiste pela televisão”. Muito bem! É assim que se fala e se interpreta e conseqüentemente se define.

Vejam o contundente depoimento de um internauta:

“Cutucando um pouco os amantes do estilo "derrubar favelas par construir blocões" acho que os projetos feitos para abrigar estas pessoas constumam ser de um mau gosto absurdo só para inserí-las na oficialidade. Aliás, quando olho para as habitações oficiais em nosso país e aquela enxurrada de prédios de apartamentos com 20/30 pavimentos horrorosos que infestam a maioria das nossas cidades e que muitos babam dizendo "nossa, a densidade tá ficando ótima, acrescentou no skyline..." não sei como estas pessoas conseguem demonizar as favelas....? “


O conjunto formado pelo edificios do Corredor da Vitória e a favela ao lado. Dois modo de vida. Há que se pensar muito nisto. Falta um pier na frente da favela. Para que? Esse pessoal deve viver da pesca. Precisa atracar seus saveiros, não é verdade? Os outros de lá são para as necessidades de luxo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 13 – ITACARANHA

Itacaranha – Em tupi-guarani significa “peixe de pedra” ou “caranha de pedra” – mais ou menos por ai. É um peixe que chega alcançar 33 quilos conforme se vê na imagem seguinte:

Recorde - 33 quilos

Fala-se que Itacarnha se confunde com Praia Grande. As duas seriam a mesma coisa. Uns falam Itacaranha, outros Praia Grande, devido a extensão de sua praia.

Diz-se que o lugar era rico em água mineral. Nesse sentido, teria sido construida uma bica no final do século XVII a XVIII– entre 1685 e 1729. O feito é atribuido à família Brito, na época dona da terras de Itacaranha. Esta água era proveniente de uma Lagoa que se chamava Dourada. Porquê? Conta-se que os portugueses quando estavam deixando o país às pressas, abandonaram um baú cheio de joias preciosas no fundo dessa lagoa. O baú estava preso à uma corrente que se partiu na correria e o bau ficou lá para sempre. Para sempre? Sim. A lagoa foi aterrada – coisa muito comun na Bahia – para construções de moradias e um campo de futebol. Dignamente esse último espaço chama-se “Campo da Lagoa Dourada”. Vale a pena jogar nele!

Também em Praia Grande que se confunde de alguma maneira com Itacaranha, existia outra fonte de água que pertencia ao senhor Nestor Burgos. O mesmo vendia esta água aos moradores do local. Os preços eram diferenciados de acordo com a qualidade da água. Tinha aquela para uso doméstico (possivelmente contaminada) e uma outra para beber.

Sobre os senhores acima citados, Brito e Burgos, o autor conheceu em Itapagipe essas famílias. Há, entretanto, uma dúvida de qual das famílias Brito era o dono de Itacaranha. O Brito da Farmácia Brito na Madragoa ou o Mário Brito, grande remador do Santa Cruz e do Vitória? Ambas famílias tradicionais e muito provavelmente descendentes daquele que era dono de Itacaranha. Sobre os Burgos, a Bahia conheceu e muito - Haroldo Burgos, grande jogador de polo-aquático. Também era conhecido pela sua altura. Uma pessoa maravilhosa! Não se tem notícia de outros descendentes.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 12 - ESCADA

Escada é uma estação logo após Plataforma. A origem de seu nome é atribuída à igreja existente no local, dedicada a Nossa Senhora da Conceição de Escada:


Nossa Senhora da Conceição de Escada. Extraordinária!

Igreja Nossa Senhora de Escada

A igreja é um primor. Muito bonita! Há uma controvérsia sobre quem a teria construído. Isto é devido a existência de uma placa que diz: “Aos 16 de abril de 1638 aqui desembarcaram forças holandesas a mando do príncipe de Nassau”.


Marco holandês

Efetivamente, há registros que os holandeses desembarcaram nas proximidades a este tempo, mas eles próprios não dizem que construíram a igreja. Apenas colocaram em sua fachada a bendita acima. Não havia lugar mais conveniente. Seria mantida pelos tempos afora, como realmente aconteceu.

Estranhamente, determinados historiadores interessados no assunto, citam em suas publicações que moradores “mais antigos” discordam dessa versão. Mas que versão? De que os holandeses desembarcaram ali ou que construiram a igreja? Quanto ao desembarque, este realmente aconteceu. Quando a construção no templo eles não dizem que o construíram. Mas, vejam a incongruência dessa referência. Quais moradores? Os que viveram em 1638?

“Het is niet mogelijk “ – não é possível – já diriam os holandeses em sua complicada língua.

A outra versão diz que a igreja teria sido erguida em 1536 por um português chamado Lázaro Azevedo e doada aos jesuítas em 1572.

Há de se desconfiar dessa informação a partir da data de sua construção – 1536. Nesse tempo, no local só tinha índio. Salvador ainda se construía na atual Cidade Alta entre a hoje Praça Castro Alves e o Pelourinho. Ninguém se atrevia a sair da proteção dos seus muros, absolutamente delimitados. De modo que, não se pode aceitar que um português, por mais atrevido que fosse, pudesse construir uma capela pelas bandas de Escada. Nem material ele possuía para tal. Vontade, talvez!

Parece-nos interessante saber a origem de Nossa Senhora da Conceição de Escada. É muito antiga; anterior à reconquista da cidade aos mouros, em 1147. Ela se encontrava em uma capela situada à margem do rio Tejo. Ao partir, os marinheiros encomendavam-lhe seus trabalhos, e agradeciam sua proteção ao voltar. Como a margem do rio é elevada, precisavam subir ou descer os 31 degraus que separam a capela do rio. Por isto, com a passar do tempo, a imagem de Nossa Senhora da Conceição começou a ser chamada de Conceição da Escada, para diferenciá-la de outras imagens de Nossa Senhora da Conceição (devoção muito difundida em Portugal). Desse fato resultou que a imagem passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Escada.

Escada do Subúrbio Ferroviário fica localizada numa belíssima enseada de nossa costa oeste

Enseada de Escada. Belíssima!

Praia do Oitiseiro de Escada

Marzão de Escada

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 11 PLATAFORMA QUERIDA

Outro dia peguei um trem na Calçada pensando ir até Paripe. Aliás, já contei essa história em postagem anterior, mas sem os detalhes que agora me permito colocar.

Quando o trem chegou em Santa Luzia do Lobato, extranhamente todo mundo saltou, menos eu. Não fosse um vendedor ambulante na mão do qual havia comprado uma pastilha, e estaria voltando para a Calçada.

- O senhor vai voltar?
- Voltar?
- Esse trem só vem até aqui. Agora o senhor tem que pegar um ônibus, saltar em Plataforma e lá pegar outro trem que o levará à Paripe.
- Porque isto?
- A Ponte São João está quebrada.

Peguei o tal do ônibus. Andou pela Suburbana e no trevo, curvou à esquerda em direção à Plataforma.

Efetivamente, havia um trem esperando os passageiros que chegavam e outros que vieram pelo Terminal Marítimo. Pensei no retorno. Seria o mesmo sufoco ou ainda pior. Sairia de Paripe, pararia em Plataforma e de lá, no velho ônibus, iria à Santa Luzia do Lobato para daí em outro trem, chegar à Calçada.

Claro que desisti. Resolvi pegar um saveiro a motor no Terminal Marítimo que me deixaria na Ribeira.



Terminal Marítmo de Plataforma

Corredor (ponte)

Saveiro atracado no Terminal Marítimo de Plataforma

Penha do outro lado


Uma das marinas da Ribeira

Terminal Marítimo da Ribeira

Foi até bom. Precisava conhecer o serviço. Muito bom! Agradabilíssimo. Você vê a Penha do outro lado com sua extraordinária beleza.

E como ninguém é de ferro, aproveitei para tomar um sorvete na Sorveteria da Ribeira, tradicional estabelecimento do gênero.

Sorveteria da Ribeira

Interior

Criada em 1931 pelo italiano Mario Tosto, o projeto, a princípio, tinha a idéia de ser uma pizzaria. Depois, em 1964, a administração passou para o espanhol José Lourenzo (falecido há dois meses) que definiu o espaço como sorveteria.

Nesta época o grande programa da juventude de Itapagipe era passear no calçadão da balaustrada, em frente à sorveteria. Os rapazes ficavam sentados na balaustrada que era alta e as moças - como sempre - desfilivam sua beleza. De vez em quando, ia-se à sorveteria

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 10 PLATAFORMA QUERIDA

Uma das localidades mais queridas do Subúrbio Ferroviário é Plataforma, talvez pela proximidade que aos olhos oferece. Da Ponta da Penha, vê-se Plataforma com todo seu verde num mundo cor de barro como é, efetivamente, hoje, grande parte dessa parte da cidade.

Na Enseada dos Tainheiros dois locais ainda permanecem com sua vegetação natural: a Ilha dos Ratos e Plataforma. Aquela, é sabido, é protegida pela Marinha do Brasil. Seria também Plataforma proteção dessa entidade militar? Possivelmente!

O fato é que, ao lado do conjunto de casas como incrustado no morro, destaca-se magnífico o Morro do Cruzeiro. Sim, antigamente existia uma Cruz de madeira no alto do Morro. Em 1953, quando da invasão dos Alagados do Porto dos Mastros, levaram-na. Suas partes compuseram alguma palafita instalada neste espaço.



Plataforma vista da Ribeira


Plataforma

Existe quase uma polêmica sobre o significado do nome Plataforma. Vamos começar com os dicionários. Estes apontam duas interpretações:

1) Plataforma – Parte plana das estações ferroviárias para embarque e desembarque de passageiros.
2) Plataforma – estrado de onde se lança foguetes e outros projeteis.

A primeira das interpretações cai como uma luva na localidade. Plataforma é toda morro, menos uma “parte plana onde embarca e desembarca passageiros”. Pode ser por aí.

A segunda diz respeito a uma “plataforma onde se lança foguetes e outros projeteis”. A seu favor, diz-se ter existindo no local uma fortaleza e, naturalmente, seus projeteis.

Efetivamente, da relação de fortificações existentes na Bahia antiga, há citações de que havia uma fortaleza na Ribeira por volta do século XVI. Dentro da Ribeira, não há cabimento técnico! Já em Plataforma existe grande possibilidade, devido a sua localização estratégica, na entrada do Canal dessa Ribeira.

Fala-se, inclusive que a antiga Fábrica São Braz, aproveitou as fundações da pressuposta fortaleza e se instalou em cima. Prático e seguro!


Fábrica São Braz - Ruínas

Plataforma era uma fazenda de um marinheiro português chamado Antônio de Oliveira Carvalhal. Sua fundação data de 16 de abril de 1638, dia em que o príncipe holandês, Maurício de Nassau, desembarcou na praia.

Fala-se também que 1823 os portugueses bombardearam Plataforma. Se isto efetivamente aconteceu era porque o local estava ocupado por inimigos, muito provavelmente holandeses.

Apesar de todos esses acontecimentos, a estação ferroviária de Plataforma não tem o seu nome. Chama-se Almeida Brandão. Era um fazendeiro e teria construído no local uma usina por volta de 1851, transformada depois na Fábrica São Braz. Decorria o ano de 1860, justamente o ano da inauguração da ferrovia Calçada-Paripe. Hoje, pensa-se instalar uma marina no local. Um bom destino! Plataforma vai ficar rodeada de iates e catamarãs por todos os lados.

domingo, 24 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 9- ENSEADA DO CABRITO

ENSEADA DO CABRITO
Após Lobato, o trem se dirige até Plataforma. Até antes de 1952 ele circundava toda a Enseada do Cabrito numa viagem maravilhosa à beira-mar ou talvez dizendo, à beira manguezal, desde que todo seu entorno era coberto por plantas de mangue. Era um santuário de muitas espécies de peixes, mariscos e aves.

Enseada do Cabrito

Como já dissemos em postagem anterior, na Enseada do Cabrito desembocava as águas provenientes da Bacia do Cobre, formando a extraordinária Cachoeira do Rio do Cobre। Com isto, formava-se um ambiente propício para o desenvolvimento dos mangues। Saliente-se, inclusive que, justamente na embocadura da cachoeira, o mangue se estendia além da margem. Dirigia-se para o centro da enseada e para os seus lados. Formava-se como que uma ilha recortada no seu interior por canais de água proveniente da cachoeira. Eram os caminhos da Cachoeira do Rio do Cobre que descrevemos em postagem anterior, marulhentos tanto quanto barulhentos pela força da água e sua queda lá de cima. E em 1948 resolveram fazer uma ponte ligando Lobato à Plataforma. Excluía-se o trajeto interno da Enseada do Cabrito numa extensão de algo em torno de 2.300 metros. Dir-se-ia que era um projeto visando economia de combustível ou de energia. Prejudicava, entretanto, a beleza do trajeto.

Este é um assunto bastante discutível. Esta ferrovia não tem uma razão que se diga estratégica. Ela seria mais turística e social do que outra coisa. Hoje, por exemplo, diversos grupos se formam para cumprir seu percurso. E o que dizer dos moradores da parte interna da Enseada do Cabrito que ficaram sem aquele acesso? Deve ter sido um problema.

Mas de nada adiantaram os protestos havidos na época e em 7/11/1952 a ponte foi inaugurada em estrutura de ferro fundido com 461 metros e 15 vãos. Seu projeto foi feito em Londres com a sofisticação que àquele tempo as coisas exigiam.



Ponte São João







Vista do alto

Infelizmente a Ponte São João está com sua estrutura seriamente comprometida. A ferrugem está deteriorando suas peças. Além disso, a pesca com bomba está prejudicando-a seriamente. Os trens não estão mais passando por ela. Está um sufoco chegar a Periperi, por exemplo: pega-se o trem na Calçada; este vai até Santa Luzia do Lobato aonde os passageiros são obrigados a saltar e pegar um ônibus – desconfontabilissimo – e saltar em Plataforma; aí, toma-se outro trem que o irá deixar em Periperi e outras localidades.

Uma nova estrutura metálica está sendo preparada para substituir a original. Custará R$ 16 milhões e será paga com recursos federais. A atual ponte tem 1.700 toneladas de estrutura metálica assentada sobre 15 vãos. A nova, será um pouco mais leve, com 1.320 toneladas de aço As 1.700 toneladas de aço da ponte velha serão destinadas ao ferro-velho.

Esperamos que o projeto seja bonito, desde que a atual ponte não tem nada de artístico. É uma ponte, uma simples ponte!O local merece algo melhor! Olhem as novas pontes aí pelo mundo. Inspirem-se, por favor!

Em tempo: a nova ponte foi feita igualzinha a antiga. Uma pena!

sábado, 23 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 8 - LOBATO: O PEQUENO LOBO


LOBATO – O PEQUENO LOBO


Primeiro Poço Brasileiro de Petroleo


Contamos na postagem anterior a comovente história do engenheiro agrônomo Manoel Ignácio Bastos. Quase o passaram para trás na trajetória da história do descobrimento do petróleo no Brasil. Não fosse a aguerrida iniciativa de sua esposa, D. Diva, e o referido senhor não teria sido considerado o verdadeiro descobridor do petróleo brasileiro.

Verdade que ele não teve oportunidade de presenciar esse magnífico triunfo. Já tinha morrido! Aliás, quando Getúlio Vargas veio à Bahia para inaugurar o marco desse descobrimento com o nome de outra pessoa, Manoel Ignácio agonizava num leito de um hospital em Bom Jesus da Lapa. De certo modo, foi bom estar longe dos foguetes que estouravam na Ribeira, enquanto Getúlio Vergas e Oscar Cordeiro se dirigiam de lancha para o manguezal de Lobato, devidamente capinado para a chegada do presidente.


Discute-se muito sobre a origem do nome Lobato. Algumas fontes indicam que a localidade no subúrbio ferroviário de Salvador tem esse nome em homenagem ao escritor Monteiro Lobato. Como se sabe, o escritor foi um grande defensor das pesquisas sobre o petróleo brasileiro. Ele contradizia relatórios de autoridades até estrangeiras, de que no Brasil não havia petróleo. Chegou até ser preso por essa santa discórdia.

Na verdade, contudo, tudo não passou de uma grande coincidência de nomes. Monteiro Lobato, o escritor, defensor do petróleo brasileiro e a localidade onde ele foi descoberto, Lobato.

Então, vamos a verdadeira origem: Gabriel Soares de Souza em sua magnífica obra “Tratado Descritivo do Brasil” em 1587 já se referia ao nome Lobato. Diz ele: “Francisco Rodrigues Lobato foi um senhor de engenho, dono da região onde existiu uma pedreira de nome Lobato”. Nas proximidades fora descoberto o petróleo brasileiro e baiano de Lobato.

Para encerrar a história, há que se dizer que Lobato significa “pequeno lobo”. Há algumas coincidências com o próprio feito da descoberta do petróleo, mas deixemos para lá.

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 7 - LAGOA DA PAIXÃO


Na postagem anterior falávamos da Cachoeira do Rio do Cobre. Vejamos de onde vinham suas águas. Nada mais, nada menos de uma lagoa chamada Paixão. Tinha que ser! Fica no alto de Coutos, algumas centenas de metros da Bacia do Rio do Cobre, de onde despencavam para o mar formando a então belíssima Cachoeira do Rio do Cobre.

Lagoa da Paixão

Esse extraordinário manancial de água acha-se localizado no Subúrbio Ferroviário, mais precisamente em São Bartolomeu, lugar sagrado de diversas Nações Afro-Brasileiras.

Além da importância sócio-cultural, a Bacia do Rio do Cobre era, até poucos anos atrás um pólo distribuidor de água potável de grande parte de Salvador.

Por mais incrível que pareça, não é mais. Foi condenada por órgãos de saúde pública por contaminação de origem fecal. Pode uma coisa desta? Uma represa encravada pela natureza dentro de uma cidade, absolutamente inoperante. Viemos a saber do assunto há poucos dias, como que por acaso. Em qualquer parte do mundo, seria uma catástrofe. Aqui, quase não se fala a respeito e não se sente nenhuma providência efetiva para solucionar o problema.

É aquela velha mentalidade de que obras como as que precisam ser feitas na Barragem do Rio do Cobre e nos rios que a formam, são obras pouco visíveis politicamente. Não dão votos! A terra encobre a vontade popular! Vejam o exemplo do ex-governador Paulo Souto; do ex-senador Cezar Borges, fragorosamente derrotados nas últimas eleições. Eles foram direta ou indiretamente responsáveis pelos maiores projetos de saneamento básico que Salvador já teve. Quem morou em Itapagipe até a década de 1980/90, sabe muito bem o que era tomar um banho de mar no trecho que vai do Bugari a Canta-Galo, passando pela Boa Viagem. Eram mais de 500 bocas de lobo, despejando material fecal e até hospitalar nas praias dessa região. Hoje, estão todas fechadas graças a diversos projetos de saneamento que esses governantes fizeram ou deram continuidade – Bahia Azul – Ribeira Azul, etc. etc.. Todos em baixo da terra.

E se alguém se der ao trabalho de verificar a votação desses senhores in-loco, haverão de saber que foram os menos votados. E em quem se vota? No cara que fez um barracão; noutro que deu as camisas do time de futebol da praia.

Há de se abrir aqui um parêntese. Este blog não foi feito para tratar de política. Estamos longe disso, mas este foi o maior exemplo que encontramos para exemplificar a pouca importância que grande parte da população dá a um conjunto de obras extraordinárias, em seu benefício maior, mas que realizadas em baixo da terra.

E aí quando acontece um problema com uma barragem como a do Rio do Cobre, os políticos atuais nada fazem ou demoram de fazer. Eles são (des)humanos como nós todos. Para que fazer? Não rende nada, politicamente! Veja o exemplo dos ex-governadores! A coisa fica apenas na área de estudo, dos pareceres, dos ensaios técnicos, das dissertações. Por ai. Obra mesmo, nada!

E ainda tem gente que fala que o lugar é sagrado; é preciso pensar bem para não ferir suscetibilidades, por aí vai e o povo sendo contaminado por aquela ex-bendita água.

É sabido que a região Metropolitana de Salvador é atendida pela Barragem do Cavalo que já apresenta déficits de fornecimento, principalmente nas épocas de seca. Com a inatividade da Barragem do Rio do Cobre, esse déficit aumentou ainda mais e já é considerado como crítico






Fotos da grande reserva

terça-feira, 19 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 6 - CACHOEIRA DO RIO DO COBRE

Quando se era menino de Itapagipe, lá pela década de 1940, pegava-se uma canoa a remo ou à vela e se ia até a Enseada do Cabrito, à direita de Plataforma, a fim de se tomar banho de cachoeira. Verdade! Havia ali uma cachoeira, belíssima que chamávamos "Cachoeira do Rio do Cobre”.


Cachoeira do Rio do Cobre
Bacia do Cobre
Rio do Cobre já exaurido!

Já dentro da Enseada ouvindo o seu som, ainda tínhamos muito caminho a percorrer até chegamos a ela. Eram caminhos de manguezais que afloravam até ao meio do mar, como se fosse um rio caprichosamente sinuoso. Nas suas margens centenas de caranguejos corriam assustados. Não estávamos afins deles. Queríamos tomar banho de cachoeira. Esse o grande objetivo e à medida que nos aproximávamos, o som da grande queda, da maravilhosa queda d’água, crescia aos nossos ouvidos. A água se tornava marulhenta na sua superfície. Era o sinal de sua proximidade encantadora. Por fim ela que abraçávamos com nossos braços juvenís e empinávamos o peito para que  nos tocasse.

Estuário do Rio do Cobre

Hoje, não mais existe a Cachoeira do Rio do Cobre que desaguava na Enseada do Cabrito. Também não existe mais o manguezal que a protegia e a escondia dos curiosos. Por cima dela passou a Avenida Suburbana e chegaram as palafitas dos Alagados. Seu curso foi desviado e se algum restígio de água doce ainda chega naquele mar, é quase imperceptível. Restou a lembrança que agora se faz de sua existência. Esta ninguém passa por cima. Continua marulhando.



Enseada do Cabrito bem definida

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 5 -O VERDADEIRO DESCOBRIDOR DO PETRÓLEO BAIANO

UMA HISTÓRIA COMOVENTE

A partir da Calçada, a primeira localidade do Subúrbio Ferroviário chama-se Santa Luzia do Lobato. Infelizmente, um bairro completamente abandonado. Vejam o depoimento de um morador:

Santa Luzia do lobato, um bairro completamente abandonado, de infra-instrutora saúde, educação, incentivos para crianças e jovens, laser etc., Fico analisando o subúrbio, começa em santa Luzia, infelizmente o poder publico aqui não se faz presente; vivemos como bichos, na lama, buracos, alagamentos etc., sentimos na pele a vulnerabilidade social que atinge nosso bairro em todos os ponto falando, mesmo assim somos vitimas do descaso do poder publico, que só Deus sabe que dia essa realidade de hoje passará para dias melhores.”

Fomos conferir. Pegamos um trem e fomos até lá. Inicialmente, é de se lamentar o entorno da linha férrea, desde o seu inicio na Calçada. Mato por todos os lados; materiais de toda a natureza abandonados ao longo da ferrovia, um caos.
Não queremos ser rigorosos, mas não custaria muito se fosse feita uma limpeza da área, um ajardinamento, um gramado talvez. Pensamos até numa horta comunitária, mas aí já é demais, dirão muitos. Não nos pertence, dirão outros. Mas que existem quilômetros de terrenos que poderiam ser mais bem aproveitados e cuidados, não resta à menor dúvida.
Talvez isto reflita no bairro que lhe é próximo. Um amontoado de casas de baixíssima qualidade; nenhum ordenamento. Nada que se diga “amém Santa Luzia”. Por esta razão, fiz questão de transcrever o depoimento acima, de quem sofre na carne.

Tudo isto é reflexo da chamada “invasão dos Alagados do Uruguai”, iniciada em 1943 e culminada com a “invasão do Porto dos Mastros e Lobato” em 1953. Os poderes competentes não tiveram condições de impedi-las. Diz-se até que a primeira delas foi incentivada pelo próprio governo, quando aterrou grande parte da Enseada dos Tainheiros a partir do bairro do Uruguai.
Havia um déficit habitacional muito grande, resultado de pessoas que vieram do recôncavo e das ilhas à busca de emprego que as 35 indústrias que se instalaram na península itapagipana proporcionavam.
É de se lembrar que Itapagipe havia sido nomeada Pólo Industrial de Salvador, da mesma forma que antes já era o aterro oficial de Salvador, de modo que o “enchimento” foi feito com lixo.
Mas aí é que reside o grande erro do governo. Se efetivamente houve como que um consentimento da invasão havida, deveria o governo montar um projeto de um bairro organizado, com saneamento básico, com ordenamento urbano, modelar. Não! Deixou ao Léo. Cada um fez o que quis. Só mais tarde, 10 ou 15 anos depois, tratou-se de organizar a coisa, mas a coisa já estava intratável.

Foi no Lobato que se descobriu o primeiro poço de petróleo do Brasil. Em 1930, o engenheiro agrônomo Manoel Ignácio de Bastos, com base no relato de populares de que usavam uma lama preta como combustível de suas lamparinas e fifós, coletou uma amostra e constatou que se tratava de petróleo. Conseguiu uma audiência com o Presidente Getúlio Vargas a quem entregou um laudo técnico de seu achado. Ficou esperando o resultado. Não tendo sucesso, procurou o então Presidente da Bolsa de Valores da Bahia, Oscar Cordeiro, a fim de fosse dado uma força. (1933). A força foi demasiada. Ele próprio assumiu a descoberta do petróleo e ganhou todas as homenagens pelo feito. Em 1940, por exemplo, quando Getúlio Vargas esteve na Bahia, de hidroavião, dirigiu-se de lancha até o Lobato. Ao seu lado estava o senhor Oscar Cordeiro. Diz-se que, na época, o verdadeiro descobridor agonizava num leito de um hospital.

Poço do Lobato e a figura do sr.Oscar Cordeiro

Mas a Petrobrás agiu de maneira decente e digna. 15 anos após, a empresa reconheceu a verdadeira autoria da descoberta, após analisar extensa análise documental apresentada pela viúva de Bastos.
É impressionante a entrevista da referida senhora que se chamava Diva concedida ao Jornal da Bahia na década de 1950. Num determinado trecho ela em carta dirigida à filha diz: “ Minha filha, eu agora tomei um choque. Passei no Lobato e vi lá uma placa – “Mina de Petróleo de Oscar Cordeiro”. E eu retruquei. Não disse a você, Maneca, que não convidasse ninguém e esperasse ajuda do governo? E Maneca, sempre incisivo nas respostas: “mas minha filha, Cordeiro como presidente da Bolsa de Mercadorias, pode levar avante a parte comercial da sociedade”.

Getúlio no Lobato


Maneca- apedido de Manoel Ignácio Bastos.


Poucos anos depois, o Poço Manoel Ignácio Bastos foi fechado pela Petrobrás. Para que tal ocorresse, aconteceu uma verdadeira operação de guerra. Todos os moradores da região foram avisados de que não poderiam acender fogão durante uma semana. A Petrobrás garantiria o fornecimento de marmitas durante esse período. Foi o que aconteceu. D. Maria, moradora do local sendo entrevistada revelou: “Foi uma semana de mordomia. Nunca passamos tão bem”.
Lunche

domingo, 17 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 4 - LAURO DE FREITAS

A estação da Calçada foi construída em 1860 e reformada em 1981 com a atual fachada.



 Era assim




Ficou assim

Bem frente à estação tem um monumento. É um busto sobre um pedestal de mármore, em homenagem ao senhor Lauro Farani de Freitas. A maioria das pessoas acha que a colocação desse monumento ali, foi devida à morte trágica do referido senhor quando fazia campanha para governador em 1951. O avião que viajava caiu nas proximidades da cidade de Bom Jesus da Lapa em 15 de abril de 1951. Não foi somente por isto. O senhor Lauro Farani Pedreira de Freitas – este era o seu nome completo – havia sido Presidente da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários da Bahia e Sergipe e Diretor da Viação Férrea Leste Brasileiro. Era um homem do setor. Dedicou grande parte de sua vida à Viação Federal Leste Brasileiro.



Lauro Farani Pedreira de Freitas

Lauro Farani Pedreira de Freitas nasceu na cidade de Alagoinhas Bahia, Brasil em 15 de abril de 1901.

Filho de Graciliano Marques Pereira e Marianina Farani de Freitas, Lauro de Freitas Formou-se Engenheiro Civil na Escola Politécnica da Bahia. Foi desenhista e inspetor de obras de arte; professor de Cosmografia e Geofísica do Ginásio da Bahia; superintendente da CCFFEB, em Salvador; presidente da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários da Bahia e de Sergipe; diretor da VFFLB. Foi eleito constituinte e deputado federal, pela Bahia, em 1945.

Líder do vitorioso movimento de encampação da ferrovia baiana pelo Governo Federal, que resultou no surgimento da VFFLB, da qual foi o primeiro diretor. Lauro de Freitas foi um incansável batalhador pela melhoria de todos os serviços e da expansão da ferrovia por todo o território regional.

Morreu na cidade de Bom Jesus da Lapa aos 49 anos de idade, vitima de um acidente aéreo em plena campanha como candidato ao Governo do Estado da Bahia, no dia 11 de setembro de 1951. Em sua homenagem, Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador recebeu o seu nome.

Principais realizações de Lauro de Freitas na administração da VFFLB:
• Construção das oficinas de Aramari, São Francisco, Periperi, São Félix e Bonfim;
• Remodelação da estação da Calçada e Construção de mais de 400 estações;
• Construção da ponte São João, com 600 m;
• Construção da ponte de Mapele, com 720 m;
• Construção dos trens “azul” e “alumínio”;
• Recuperação de mais de 2.500 km de linha;
• Prolongamento da linha em Sergipe até a margem do São Francisco.

Fonte: CTS

Adiante, vamos desfilar uma série de fotos da referida estação, desde o seu hall de entrada até o setor de embarque. Seus trens, inclusive o espaço interno de uma das suas cabines.